Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Meu Diário
06/05/2025 15h01
Ferramenta de trabalho

Sou costureira, profissão que carrego com muito orgulho e afeto. Nasci em um lar onde minha mãe foi professora e, mais tarde, se tornou costureira. Somos três irmãs, mas fui a única que se encantou pela arte da costura desde cedo. Comecei brincando com tecidos, linhas e agulhas, como quem brinca de criar o próprio mundo // e com o tempo, levei isso a sério.

 

Percorri todos os caminhos da costura: fui costureira, bordadeira, trabalhei com enredos e cheguei até a alta costura e moda festa. Em certo momento, aventurei-me também no desenho de moda, mas percebi que não era exatamente ali que meu coração queria estar.

 

Além de costurar, também fui professora de corte e costura durante alguns anos. Nesse período, tive o privilégio de formar muitas mulheres. Ouvi agradecimentos que me emocionaram, histórias de vida cheias de dor e alegria // e estive ali, com minhas mãos e escuta, costurando mais do que tecidos: ajudando a reconstruir sonhos.

 

Até hoje, continuo costurando. É dessa arte que tiro o sustento da minha família e, muitas vezes, também a alegria de viver. Sou mãe solo de três filhos e, apesar dos desafios, sigo firme // agora cursando o bacharelado em Filosofia, uma escolha que finalmente tocou meu coração da mesma forma que a costura sempre tocou.

 

Antes da Filosofia, iniciei muitos cursos: Pedagogia, Design de Moda….... mas todos ficaram pelo caminho. Não era o "tecido" que eu queria. Sempre gostei de ler, escrever e refletir. A busca por algo que me fizesse sentido foi longa, e muitas desistências aconteceram, não por falta de vontade, mas por causa das circunstâncias da vida.

 

Mesmo assim, continuo // costurando, estudando e acreditando que cada ponto, cada linha e cada pensamento têm um valor. A vida me ensinou que há beleza na persistência e sabedoria em saber recomeçar.....

 

Desde pequena, sempre tive mais perguntas do que respostas. Três perguntas marcaram o início da minha jornada ainda na infância: como o céu podia “andar” e tudo continuar parado, sem o mundo virar de cabeça para baixo? Como o sol se movia ao longo do dia? E por que a lua mudava de forma // ora magra, ora gorda?

 

Essas dúvidas não eram só curiosidades infantis, eram sinais de uma mente inquieta, observadora, fascinada pelos mistérios do tempo e da natureza. Enquanto outras crianças corriam pelo quintal, eu preferia o silêncio. Sentava sozinha no fundo do quintal, olhando o céu, ouvindo o tempo e lendo, sempre com um livro no colo. Aquilo me preenchia.

 

As pessoas perguntavam à minha mãe se eu era "doida". Mas ela sabia que havia em mim uma sede por algo que ainda não tinha nome // uma mistura de contemplação e busca por sentido. Foi assim que, mesmo sendo costureira por vocação e necessidade, fui tecendo também minha alma com perguntas, reflexões e leituras.......

 


Publicado por Elixandra ( costura pensamento) em 06/05/2025 às 15h01
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