![]() 31/07/2025 12h48
Nas montanhas nevoentas
Hoje estou melancólica, pensantiva me encontro em estado de meditação... As perguntas de eras voltaram / elas me perseguem. Ah, se pudesse, iria até as montanhas, e lá ficaria. Levaria apenas folhas de papel almaço, e um lápis com borracha e água. Escreverá seria meu dom nos altos das montanhas.
talvez encontrasse um riso no alcance fundo de um olhar, até as nuvens um vácuo bonito sem fim. Talvez ali alcançasse a esperança. O papel almaço apararia a escuta.
Em letras, desenharia os símbolos. A borboleta pousou na folha como primeiro símbolo. Escutei uma voz ao fundo das montanhas que dizia-lhe: Encontrar-te-ei...
Um vento balança as folhas secas em forma de redemoinho... Lágrimas descem sobre o papel almaço. Uma suave chuva fina desce dos céus... O papel almaço se desfaz.
As montanhas escurecem, e a voz sussurra: Encontrar-te-ei... O som da voz foi crescendo: Encontrar-te-ei.
Quem é as montanhas? Quem é o papel almaço? Quem é a borboleta? Quem é a voz? Quem é encontrar-te-ei
No final ficou só a voz encontra-te-ei As montanhas Os almaço A borboleta Sumiram por alguns instantes. Talvez a ilusão ainda permaneça, mas compreendeu o mistério eterno, nenhuma resposta alcançou. Mais o primeiro passo foi dado ao encontro de si mesmo. Talvez essa seja a esperança que as sombras das montanhas cobrem como véu de ilusão / e o encontro talvez não seja fora.
Publicado por Elixandra (costura pensamento filosófico) em 31/07/2025 às 12h48
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. 13/07/2025 12h59
Minha Linguagem, Meu Rastro ( itinerários da costura)
Minha escrita não obedece manuais. Ela vem como quem fura a pele do silêncio e costura sentidos com linhas tortas. Eu escrevo como quem raspa memória com a unha, como quem sussurra metáforas no ouvido do tempo. Minha linguagem é uma casa com janelas abertas e paredes rachadas / nela, entra o vento, o pó e os fantasmas.
Não escrevo para explicar. Escrevo para evocar.
Cada palavra é uma pista, não uma resposta. Carrego nas frases as marcas do que vivi, do que imaginei e até do que neguei. Minha identidade de escrita se firma nas dobras da ambiguidade, na dança entre o real e o simbólico. Eu me apoio no vago com a firmeza de quem sabe que ali também mora verdade.
As metáforas são meu idioma preferido. Não porque escondem, mas porque ampliam. São mapas para lugares que a lógica não alcança. Faço da imagem o terreno onde o pensamento respira.
Meu estilo não pede permissão / ela se deita com a dúvida, anda descalço sobre o concreto da vida e não teme a contradição. Às vezes, escrevo com raiva contida. Outras, com ternura ferida. Mas sempre com inteireza.
Porque escrever, pra mim, é um ato de escavar. De tirar os escombros da alma e encontrar ali, no meio do entulho, uma flor miúda / palavra exata ou quase. Não escrevo com pressa de ser entendida. Escrevo com a urgência de ser sentida.
Esse é meu estilo: uma travessia entre o caos e a clareza.
✂️ Elixandra Cardoso: escreve com linha invisível
Artesãs de pano e palavra que não se contentam em dizer / costura sentidos com calma de benzedeira, intuição de rezadeira e olhar de quem já viu o tempo remendar silêncios.
Escrita é estilística, simbólica e sensorial/ as palavras bordam imagens, os sentimentos ganham corpo de botão solto, zíper emperrado, linha esticada no tempo. Tudo pulsa com o gesto de quem sabe que costurar também é escutar.
Com um estilo que mistura poesia, filosofia do cotidiano e prosa afetiva, cria personagens e cenas que dançam entre o real e o simbólico: a costureira do gato preto, o freguês açougueiro, o vestido melindroso, o compadre arrependido. Tudo vira matéria-prima para pensar o amor, a fé, o cansaço, a espera e o recomeço.
Não escreve com pressa / escreve com gesto. Não diz com palavras / diz com metáforas que respiram. Sua literatura é uma reza falada com linha fina, um ateliê de vozes que só quem lê de coração aberto consegue escutar.
Um amigo disse: A TAL ELIXANDRA COSTURA PENSAMENTO FILOSÓFICO.
É se sentir inteira mesmo sabendo que a vida é impermanente.
É caminhar mesmo sem certeza.
É acreditar mesmo com cicatrizes.
É amar mesmo com dúvidas.
ELE ACERTOU O AMIGO..... ________________________________________
"O Delírio e a Razão: O que é Poesia?"
Há mais verdade no delírio bem pronunciado do que na razão acorrentada.
Talvez seja isso que a poesia seja: uma fuga lúcida da prisão do senso comum, um tipo de coragem que se recusa a obedecer à razão empacotada, fria, que quer medir o mundo em linhas retas. A poesia é curva, espiral, vento que vem de onde não se sabe e toca o que nem sabíamos que existia em nós.
Platão, nos seus diálogos, expulsou os poetas da cidade ideal / porque desconfiava da força perigosa da imaginação. Mas foi também ele quem disse que os poetas são possuídos por um “divino delírio”. Ele sabia. No fundo, sabia que há algo na poesia que escapa ao controle / e que, por isso mesmo, toca o sagrado.
Schopenhauer dizia que o mundo é vontade / e que o sofrimento nasce do querer. Mas, para ele, a arte, sobretudo a poesia e a música, suspendem esse querer por um instante, e nos colocam num lugar de contemplação profunda. Poesia é uma trégua.
Nietzsche levou isso adiante. Para ele, a verdade é múltipla, e a linguagem nunca a apreende completamente. Mas a poesia — ah, a poesia! — é a arte de suportar o peso do mundo com leveza dionisíaca, sem negar a dor, mas também sem fazer dela um altar de amargura. É explosão, é afirmação, é um delírio que revela mais do que mil tratados.
Fernando Pessoa, através de seus heterônimos, nos mostrou que a poesia é máscara e desmascaramento ao mesmo tempo. Álvaro de Campos, o engenheiro da emoção, dizia:
>< “O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.” Mas fingir aqui não é mentir / é revelar verdades que só se dizem pelas entrelinhas.
Heidegger diria que a poesia é a linguagem que mais se aproxima do ser. Porque é ela que habita o intervalo entre o dito e o indizível, entre o que o mundo mostra e o que a alma pressente.
E Heráclito, com seu pensamento de fluxo eterno, talvez nos sussurre do passado:
>< “Não se entra duas vezes no mesmo rio.” Assim como não se lê duas vezes o mesmo poema. Porque poesia é instante / e o instante muda.
Poesia, então, não é ilusão. É visão.
Não é descontrole / é um outro tipo de ordem, mais próxima da alma do que da régua. É razão sonhando com liberdade.
Publicado por Elixandra (costura pensamento filosófico) em 13/07/2025 às 12h59
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. 13/07/2025 12h36
Babel ao Norte da Vida
Eu aqui nas varandas ao norte, nos êmbolos filosóficos da vida, uma música chiando baixinho no fundo isso me dá um norte
para a reflexão.
Ter um norte não é saber exatamente para onde ir, mas sentir que há algo dentro de nós que orienta mesmo quando tudo parece nebuloso. É como uma bússola interna / silenciosa, mas firme / que nos impede de nos perder completamente. Às vezes, esse norte não aponta para grandes conquistas, mas para pequenos gestos de coerência com aquilo que somos.
É ele que nos faz seguir mesmo cansados, escolher mesmo inseguros, continuar mesmo quando o mundo parece sem sentido. Não é um lugar fixo, mas uma direção viva, em constante movimento. Ter um norte é, antes de tudo, ter um compromisso com aquilo que nos faz verdadeiros.
Publicado por Elixandra (costura pensamento filosófico) em 13/07/2025 às 12h36
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O nada não é ausência é probabilidade de um tudo ( o nada é tudo)
..Palavras de um monge taoista sobre o "nada"
O nada não é ausência. É a plenitude que não deseja forma. É o silêncio que antecede o som, o espaço onde o bambu cresce, a pausa entre a inspiração e a expiração.
O nada não pode ser possuído, mas dele tudo se origina.
Quando deixas de querer, o nada se aproxima.
Quando deixas de nomear, o nada revela seus mil nomes.
A mente que repousa no vazio é como a superfície calma de um lago.
Nele, o Céu se espelha. E o homem deixa de lutar com o destino.
Assim é o Caminho. Quem o caminha, caminha leve. Quem o busca com força, se perde.
Mas quem se senta / e apenas observa / já chegou.
Resumindo o próprio "nada" é tudo
Abraços taoistas >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
É uma travessia da alma / um gesto solitário que, como diria Heidegger, busca abrigo no Ser, no aconchego de um sentido que talvez nunca se revele por completo. Há um desejo de compreensão, mas a linguagem falha, tropeça / como já afirmava Wittgenstein: “os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo”.
Ao evocar Picasso e Mozart, o poema nos lembra que nem a arte mais sublime alcança a inteireza do enigma humano. Mesmo o traço mais sensível ou a nota mais inspirada não capturam o mistério da existência / e talvez não devam. Como em Heráclito, somos fluxo e fragmento, jamais totalidade.
Assim, o eu poético tenta decifrar-se com os retalhos que tem / palavras, metáforas, gestos / costurando sentidos onde a alma clama por tradução. Mas o que se alcança é apenas isso: um fragmento. E nesse fragmento, habita uma verdade parcial, mas profunda. Afinal, como na filosofia, a busca é mais reveladora do que a resposta.
Resumindo não vejo como uma prisão....
Publicado por Elixandra (costura pensamento filosófico) em 09/07/2025 às 22h40
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Só existirá um homem masculino se houver espaço pra ele existir
Vivemos tempos em que o masculino é frequentemente confundido com a caricatura da força bruta, da invulnerabilidade, da dominação. Mas essa máscara esconde o que há de mais essencial no ser masculino: sua sensibilidade contida, sua coragem silenciosa, sua capacidade de cuidar e sustentar / não pela imposição, mas pela presença inteira.
Um homem verdadeiramente masculino só floresce onde há espaço para ele ser contraditório, para ele errar, para ele sentir. Onde não se exige dele um herói infalível ou um vilão insensível. É preciso permitir que ele chore sem ser diminuído, que ame sem ser ridicularizado, que ouça sem se sentir ameaçado.
O masculino, em sua essência mais saudável, não é oposto ao feminino / é parceiro. E como toda parceria, precisa de solo fértil: escuta, compreensão, acolhimento. Um homem não se torna mais homem negando sua ternura, mas justamente atravessando seus próprios abismos com dignidade, e ainda assim sendo capaz de abrir os braços.
Portanto, para que exista um homem masculino, é preciso primeiro derrubar os muros da expectativa e abrir as portas do afeto. Criar um mundo onde ele não precise se esconder atrás de armaduras para ser aceito. Um mundo onde ele possa existir / inteiro, imperfeito, humano. Publicado por Elixandra (costura pensamento filosófico) em 07/07/2025 às 15h38
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