![]() 10/05/2025 15h09
"Eleuteronomia Autonomia: A Arte de Ser Lei para Si"
O termo "eleuteronomia" é pouco comum na filosofia, mas pode ser entendido etimologicamente e filosoficamente a partir de suas raízes gregas:
eleutheros (ἐλεύθερος): significa "livre", "liberdade"
nomos (νόμος): significa "lei", "norma", "regra"
o sufixo -ia indica qualidade, condição ou estado
Portanto, eleuteronomia pode ser interpretada como a condição de agir segundo uma lei livremente escolhida / ou seja, autonomia verdadeira, onde a liberdade não é ausência de lei, mas a obediência a uma norma que o próprio sujeito reconhece como legítima.
Na filosofia moral:
A ideia se aproxima muito da noção de autonomia kantiana: agir moralmente é seguir uma lei que a própria razão reconhece como universal, e não por impulsos, desejos ou imposições externas. A liberdade, nesse caso, é auto-legislação racional.
Em termos mais amplos:
Eleuteronomia pode ser vista como uma síntese entre liberdade e ordem // um estado em que o indivíduo ou uma sociedade vive segundo leis que respeitam e promovem a liberdade genuína...
Liberdade com regras?
De fato, parece contraditório dizer que há liberdade com regras. Mas há uma distinção crucial que filósofos como Kant, Rousseau e até mesmo os estoicos fazem: liberdade não é fazer tudo o que se quer, mas agir conforme a razão, aquilo que é bom, justo ou harmonioso — mesmo que isso envolva limites.
Explorar:
>> Liberdade como ausência de restrições externas (liberdade negativa): Aqui, o indivíduo é livre quando ninguém o impede de fazer o que quer. Mas isso pode levar ao caos ou à tirania do mais forte.
>> Liberdade como autodeterminação racional (liberdade positiva ou eleuteronomia): Nesse caso, você não é escravo dos seus impulsos, nem das opiniões dos outros. Você escolhe agir de acordo com princípios que reconhece como bons. Não é uma obediência cega à regra // é uma escolha consciente por algo mais elevado.
Exemplo:
Você tem o impulso de gritar com alguém por raiva, mas escolhe respirar fundo e dialogar. Você se reprimiu? Talvez. Mas agiu livremente? Sim, porque foi você quem escolheu a ação com base em valores e não no impulso.
Então, a ideia central é: Ser livre não é fazer tudo, mas poder escolher não ser escravo de si mesmo....
Capitação:
Eleuteronomia pode ser entendida como um autopoliciamento consciente e voluntário, não por medo ou repressão externa, mas por respeito a si mesmo e aos valores que se reconhece como justos.
Esse "policiamento" não é autoritário, mas libertador, porque vem de dentro:
Não é o outro que me obriga,
Sou eu que escolho seguir algo maior do que meus impulsos imediatos,
Porque compreendo que isso me faz mais inteiro, mais digno, mais livre.
Exemplo filosófico:
Para Epicteto, um dos grandes estoicos:
> “Nenhuma pessoa é livre se não é senhora de si mesma.”
Isso mostra que a verdadeira liberdade exige um certo domínio interno // que é exatamente o que a eleuteronomia propõe: agir segundo uma ordem que não me oprime, mas me fortalece.....
Quando desobedece a eleuteronomia?
Quando você não escuta ou desobedece a eleuteronomia, você age contra a sua própria consciência, razão ou valor interno. E isso, filosoficamente, gera um conflito interno // uma espécie de divisão do eu.
><>< Você perde a liberdade interior Ao seguir impulsos cegos, desejos momentâneos ou pressões externas, você deixa de ser o autor da sua ação. É como se estivesse sendo conduzido por algo fora de si mesmo (mesmo que esse "algo" venha de dentro, como um impulso não refletido).
><>< Surge a culpa ou arrependimento Muitas vezes, depois de agir assim, vem o sentimento de que “não era bem isso que eu queria”. Isso acontece porque você violou a sua própria norma interna / e não uma regra imposta.
><>< Você se afasta de quem você gostaria de ser A eleuteronomia está ligada à coerência com seus próprios valores. Ignorá-la é se desconectar da sua própria integridade.
Em termos existenciais (como diria Sartre):
Você pode até tentar fugir da responsabilidade, mas isso não te livra do peso da escolha. “Estamos condenados à liberdade”, ele dizia // ou seja, mesmo quando escolhemos não escolher, ainda estamos escolhendo.
Resumo:
Não ouvir a eleuteronomia não é pecado / é humano. Mas cada vez que isso acontece, você se afasta um pouco de si mesmo. Escutá-la é um esforço constante de alinhamento entre ação e essência....
eleuteronomia interna com a ordem externa (social, jurídica, política).
Internamente: você se desconecta da sua própria consciência e razão.
Externamente: ao quebrar regras sociais ou jurídicas, você entra em conflito com o Estado, que atua como o guardião da ordem comum.
Por que isso acontece?
O Estado moderno (desde Hobbes, Rousseau, Locke) foi construído com base na ideia de um "contrato social":
Todos abrem mão de certas liberdades para viver sob leis comuns.
Essas leis são, idealmente, uma extensão da razão coletiva // ou seja, deveriam refletir um tipo de eleuteronomia compartilhada.
Quando alguém quebra essas regras externas:
Ele está rompendo o contrato com os outros,
E o Estado responde com penalidades, como forma de restaurar a ordem e proteger o coletivo.
>><< A ausência de eleuteronomia individual pode gerar crime; o crime, por sua vez, aciona a força do Estado.
Mas há um ponto importante:
Se o Estado não representa a razão, mas sim opressão, a rebeldia pode ser um ato ético (como em movimentos de resistência civil). Nesse caso, o indivíduo pode seguir sua própria eleuteronomia contra leis injustas // como fizeram Sócrates, Gandhi, Martin Luther King.
Conclusão:
Você está certo: romper com a eleuteronomia pode ter consequências internas (culpa, arrependimento) e externas (pena, repressão). Mas também há casos em que manter a eleuteronomia exige desobedecer ao mundo // e pagar o preço por isso.
________________________________________
Autonomia
Vem do grego auto (si mesmo) + nomos (lei):
> Autonomia é a capacidade de dar a si mesmo a própria lei.
É um conceito mais amplo e muito utilizado na ética e na política. Por exemplo:
Em Kant, é agir segundo leis que a razão reconhece como universais.
Em debates modernos, é usada para falar da liberdade individual: fazer escolhas, tomar decisões, ser responsável por si mesmo.
Eleuteronomia
Vem de eleutheros (livre) + nomos (lei):
>> Eleuteronomia é viver segundo uma lei livremente escolhida pela própria razão.
É uma forma mais refinada e ética da autonomia, pois:
Preserva a liberdade,
Mas recusa a arbitrariedade ou o egoísmo.
Envolve uma liberdade comprometida com a ordem racional (ou moral pessoal)
Diferença em resumo:
Conceito Ênfase principal Exemplo simplificado
Autonomia Capacidade de escolher por si "Eu escolho minhas próprias regras." Eleuteronomia Liberdade em agir segundo razão/moral "Escolho o que é justo, mesmo que doa."
Autonomia pode virar capricho ou rebeldia. Eleuteronomia é a autonomia com consciência ética // é liberdade com raiz.
podem e devem ser usadas com equilíbrio // isso, inclusive, é o ideal.
Veja como elas se complementam:
Autonomia te dá o direito de fazer escolhas por conta própria.
Eleuteronomia te ajuda a escolher com sabedoria e consciência ética.
Ou seja:
> Autonomia é a potência da liberdade. Eleuteronomia é a direção da liberdade.
Quando há equilíbrio entre as duas:
Você não vive como um rebelde sem causa (puro desejo ou oposição),
Nem como um servo da moral externa (seguindo regras só por medo ou costume),
Mas como alguém livre e íntegro, que escolhe por si, com base na razão e no bem que reconhece.
Exemplo prático:
Autonomia: "Tenho o direito de falar o que penso."
Eleuteronomia: "Mas escolho falar de modo que respeite e construa, não destrua."
Moral pessoal como liberdade consciente (eleuteronomia autonomia)
Moral pessoal: é o conjunto de valores, princípios e critérios que adoto de forma íntima e autêntica para guiar minhas ações.
Não vem da pressão externa (como leis ou dogmas), mas da razão, reflexão e experiência....
Isso é a essência da eleuteronomia: agir livremente segundo uma norma escolhida por si mesmo // não por impulso, mas por convicção.
Entender diferença entre liberdade e moral pessoal:
>< Liberdade (negativa): “Faço o que quero.” pode virar egoísmo, caos ou vazio.
Moral pessoal (eleuteronomia): “Faço o que reconheço como certo, mesmo quando ninguém está olhando.”
> "Minha moral pessoal é uma forma de liberdade consciente, em que escolho viver segundo princípios que reconheço como bons e justos, mesmo que isso me imponha limites. Não sigo por medo ou obrigação, mas por coerência com quem eu sou e com quem eu quero ser...
Essa moral é autônoma, racional e reflexiva, mas também aberta à revisão e ao amadurecimento // porque o sujeito livre está sempre em construção.
Esse equilíbrio é o que muitos filósofos chamam de liberdade ética ou liberdade madura nem repressão, nem libertinagem.
Assunto pesquisado, estudos em andamento de forma dinâmica.......
Elixandra Cardoso ............
Publicado por Elixandra ( costura pensamento) em 10/05/2025 às 15h09
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |