Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Meu Diário
10/05/2025 15h09
"Eleuteronomia Autonomia: A Arte de Ser Lei para Si"

O termo "eleuteronomia" é pouco comum na filosofia, mas pode ser entendido etimologicamente e filosoficamente a partir de suas raízes gregas:

 

eleutheros (ἐλεύθερος): significa "livre", "liberdade"

 

nomos (νόμος): significa "lei", "norma", "regra"

 

o sufixo -ia indica qualidade, condição ou estado

 

 

Portanto, eleuteronomia pode ser interpretada como a condição de agir segundo uma lei livremente escolhida / ou seja, autonomia verdadeira, onde a liberdade não é ausência de lei, mas a obediência a uma norma que o próprio sujeito reconhece como legítima.

 

Na filosofia moral:

 

A ideia se aproxima muito da noção de autonomia kantiana: agir moralmente é seguir uma lei que a própria razão reconhece como universal, e não por impulsos, desejos ou imposições externas. A liberdade, nesse caso, é auto-legislação racional.

 

Em termos mais amplos:

 

Eleuteronomia pode ser vista como uma síntese entre liberdade e ordem // um estado em que o indivíduo ou uma sociedade vive segundo leis que respeitam e promovem a liberdade genuína...

 

Liberdade com regras?

 

De fato, parece contraditório dizer que há liberdade com regras. Mas há uma distinção crucial que filósofos como Kant, Rousseau e até mesmo os estoicos fazem: liberdade não é fazer tudo o que se quer, mas agir conforme a razão, aquilo que é bom, justo ou harmonioso — mesmo que isso envolva limites.

 

 Explorar:

 

>> Liberdade como ausência de restrições externas (liberdade negativa):

Aqui, o indivíduo é livre quando ninguém o impede de fazer o que quer. Mas isso pode levar ao caos ou à tirania do mais forte.

 

 

>> Liberdade como autodeterminação racional (liberdade positiva ou eleuteronomia):

Nesse caso, você não é escravo dos seus impulsos, nem das opiniões dos outros. Você escolhe agir de acordo com princípios que reconhece como bons. Não é uma obediência cega à regra // é uma escolha consciente por algo mais elevado.

 

 Exemplo:

 

Você tem o impulso de gritar com alguém por raiva, mas escolhe respirar fundo e dialogar.

Você se reprimiu? Talvez.

Mas agiu livremente? Sim, porque foi você quem escolheu a ação com base em valores e não no impulso.

 

Então, a ideia central é:

Ser livre não é fazer tudo, mas poder escolher não ser escravo de si mesmo....

 

Capitação:

 

Eleuteronomia pode ser entendida como um autopoliciamento consciente e voluntário, não por medo ou repressão externa, mas por respeito a si mesmo e aos valores que se reconhece como justos.

 

Esse "policiamento" não é autoritário, mas libertador, porque vem de dentro:

 

Não é o outro que me obriga,

 

Sou eu que escolho seguir algo maior do que meus impulsos imediatos,

 

Porque compreendo que isso me faz mais inteiro, mais digno, mais livre.

 

Exemplo filosófico:

 

Para Epicteto, um dos grandes estoicos:

 

> “Nenhuma pessoa é livre se não é senhora de si mesma.”

 

Isso mostra que a verdadeira liberdade exige um certo domínio interno // que é exatamente o que a eleuteronomia propõe: agir segundo uma ordem que não me oprime, mas me fortalece.....

 

 Quando desobedece a eleuteronomia?

 

Quando você não escuta ou desobedece a eleuteronomia, você age contra a sua própria consciência, razão ou valor interno. E isso, filosoficamente, gera um conflito interno // uma espécie de divisão do eu.

 

><>< Você perde a liberdade interior

Ao seguir impulsos cegos, desejos momentâneos ou pressões externas, você deixa de ser o autor da sua ação. É como se estivesse sendo conduzido por algo fora de si mesmo (mesmo que esse "algo" venha de dentro, como um impulso não refletido).

 

 

><>< Surge a culpa ou arrependimento

Muitas vezes, depois de agir assim, vem o sentimento de que “não era bem isso que eu queria”. Isso acontece porque você violou a sua própria norma interna / e não uma regra imposta.

 

 

><>< Você se afasta de quem você gostaria de ser

A eleuteronomia está ligada à coerência com seus próprios valores. Ignorá-la é se desconectar da sua própria integridade.

 

Em termos existenciais (como diria Sartre):

 

Você pode até tentar fugir da responsabilidade, mas isso não te livra do peso da escolha.

“Estamos condenados à liberdade”, ele dizia // ou seja, mesmo quando escolhemos não escolher, ainda estamos escolhendo.

 

Resumo:

 

Não ouvir a eleuteronomia não é pecado / é humano. Mas cada vez que isso acontece, você se afasta um pouco de si mesmo.

Escutá-la é um esforço constante de alinhamento entre ação e essência....

 

eleuteronomia interna com a ordem externa (social, jurídica, política).

 

Internamente: você se desconecta da sua própria consciência e razão.

 

 Externamente: ao quebrar regras sociais ou jurídicas, você entra em conflito com o Estado, que atua como o guardião da ordem comum.

 

Por que isso acontece?

 

O Estado moderno (desde Hobbes, Rousseau, Locke) foi construído com base na ideia de um "contrato social":

 

Todos abrem mão de certas liberdades para viver sob leis comuns.

 

Essas leis são, idealmente, uma extensão da razão coletiva // ou seja, deveriam refletir um tipo de eleuteronomia compartilhada.

 

Quando alguém quebra essas regras externas:

 

Ele está rompendo o contrato com os outros,

 

E o Estado responde com penalidades, como forma de restaurar a ordem e proteger o coletivo.

 

>><< A ausência de eleuteronomia individual pode gerar crime; o crime, por sua vez, aciona a força do Estado.

 

Mas há um ponto importante:

 

Se o Estado não representa a razão, mas sim opressão, a rebeldia pode ser um ato ético (como em movimentos de resistência civil).

Nesse caso, o indivíduo pode seguir sua própria eleuteronomia contra leis injustas // como fizeram Sócrates, Gandhi, Martin Luther King.

 

Conclusão:

 

Você está certo: romper com a eleuteronomia pode ter consequências internas (culpa, arrependimento) e externas (pena, repressão).

Mas também há casos em que manter a eleuteronomia exige desobedecer ao mundo // e pagar o preço por isso.

 

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Autonomia

 

Vem do grego auto (si mesmo) + nomos (lei):

 

> Autonomia é a capacidade de dar a si mesmo a própria lei.

 

É um conceito mais amplo e muito utilizado na ética e na política. Por exemplo:

 

Em Kant, é agir segundo leis que a razão reconhece como universais.

 

Em debates modernos, é usada para falar da liberdade individual: fazer escolhas, tomar decisões, ser responsável por si mesmo.

 

Eleuteronomia

 

Vem de eleutheros (livre) + nomos (lei):

 

>> Eleuteronomia é viver segundo uma lei livremente escolhida pela própria razão.

 

É uma forma mais refinada e ética da autonomia, pois:

 

Preserva a liberdade,

 

Mas recusa a arbitrariedade ou o egoísmo.

 

Envolve uma liberdade comprometida com a ordem racional (ou moral pessoal)

 

Diferença em resumo:

 

Conceito Ênfase principal Exemplo simplificado

 

Autonomia Capacidade de escolher por si "Eu escolho minhas próprias regras."

Eleuteronomia Liberdade em agir segundo razão/moral "Escolho o que é justo, mesmo que doa."

 

Autonomia pode virar capricho ou rebeldia.

Eleuteronomia é a autonomia com consciência ética // é liberdade com raiz.

 

podem e devem ser usadas com equilíbrio // isso, inclusive, é o ideal.

 

Veja como elas se complementam:

 

Autonomia te dá o direito de fazer escolhas por conta própria.

 

Eleuteronomia te ajuda a escolher com sabedoria e consciência ética.

 

Ou seja:

 

> Autonomia é a potência da liberdade.

Eleuteronomia é a direção da liberdade.

 

Quando há equilíbrio entre as duas:

 

Você não vive como um rebelde sem causa (puro desejo ou oposição),

 

Nem como um servo da moral externa (seguindo regras só por medo ou costume),

 

Mas como alguém livre e íntegro, que escolhe por si, com base na razão e no bem que reconhece.

 

 Exemplo prático:

 

Autonomia: "Tenho o direito de falar o que penso."

 

Eleuteronomia: "Mas escolho falar de modo que respeite e construa, não destrua."

 

Moral pessoal como liberdade consciente (eleuteronomia autonomia)

 

Moral pessoal: é o conjunto de valores, princípios e critérios que adoto de forma íntima e autêntica para guiar minhas ações.

 

 Não vem da pressão externa (como leis ou dogmas), mas da  razão, reflexão e experiência....

 

Isso é a essência da eleuteronomia: agir livremente segundo uma norma escolhida por si mesmo // não por impulso, mas por convicção.

 

Entender diferença entre liberdade e moral pessoal:

 

>< Liberdade (negativa): “Faço o que quero.”  pode virar egoísmo, caos ou vazio.

 

Moral pessoal (eleuteronomia): “Faço o que reconheço como certo, mesmo quando ninguém está olhando.”

 

> "Minha moral pessoal é uma forma de liberdade consciente, em que escolho viver segundo princípios que reconheço como bons e justos, mesmo que isso me imponha limites. Não sigo por medo ou obrigação, mas por coerência com quem eu sou e com quem eu quero ser...

 

Essa moral é autônoma, racional e reflexiva, mas também aberta à revisão e ao amadurecimento // porque o sujeito livre está sempre em construção.

 

Esse equilíbrio é o que muitos filósofos chamam de liberdade ética ou liberdade madura  nem repressão, nem libertinagem.

 

Assunto pesquisado, estudos em andamento de forma dinâmica.......

 

Elixandra Cardoso ............

 

 

 

 

 

 

 


Publicado por Elixandra (costura pensamento filosófico) em 10/05/2025 às 15h09
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