Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Meu Diário
25/05/2025 18h34
"Quando a Subjetividade Invade a Objetividade sem que Percebamos" parte 01

Eu não vejo o outro, eu o observo.

Observo não como ele é, mas como eu queria que fosse.

 

O outro, na verdade, não existe em si mesmo para mim.

O que vejo nele são minhas projeções, meus desejos, minhas crenças.

Ele é um reflexo das minhas percepções.

 

Não há "outro" puro, independente.

Há apenas o eu no outro.

A certeza de que o mundo que enxergo não é o mundo como é,

mas o mundo como eu sou.

 

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

Objetividade:

Refere-se a algo que é comum a todos, independente da opinião de cada um.

Exemplo: A temperatura de 30 °C é um dado objetivo / qualquer um pode medir e confirmar.

Frase: O objetivo é igual para todos.

>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>

Subjetividade:

Refere-se ao que depende da experiência, percepção ou sentimento individual.

Exemplo: A sensação de que 30 °C está “muito quente” é subjetiva / para uns é suportável, para outros insuportável.

Frase sugerida: A subjetividade varia de pessoa para pessoa.

_______________//////___//////______________

Exemplo:

Duas pessoas assistem ao mesmo pôr do sol:

 

Uma se emociona e sente paz (talvez porque associa ao fim de um ciclo).

 

Outra sente tristeza (porque lembra um momento difícil da vida).

O evento é o mesmo, mas a experiência é subjetiva.

... Estudo filosófico-espiritual: o olhar interno e o sentido da vida

Filosofias como o panteísmo, o taoismo, ou escolas como a Fenomenologia na Filosofia propõem que a realidade é vivida de modo único por cada ser. A espiritualidade, por sua vez, convida à observação interna, ao autoconhecimento e à busca por sentido.

Frase-chave filosófica:

>> “Não vemos as coisas como elas são; vemos as coisas como somos.” / Anaïs Nin

Exemplo espiritual:

Na meditação, o praticante fecha os olhos para o mundo exterior e começa a observar os próprios pensamentos e emoções / isto é, ele entra em contato com sua subjetividade profunda, onde mora o espírito, o eu verdadeiro.

.... Diálogo com a Neurociência: o cérebro e a construção da realidade

A neurociência mostra que a realidade não é percebida de forma neutra:

 

O cérebro interpreta os estímulos com base em memórias, padrões emocionais e sinapses anteriores.

 

Experiências passadas moldam percepções presentes.

Exemplo neurocientífico:

Duas pessoas ouvem a mesma música:

 

A que teve uma experiência feliz com essa música ativa regiões ligadas ao prazer (dopamina, núcleo accumbens).

 

A outra, que sofreu ouvindo a mesma música, ativa o sistema de alerta (amígdala cerebral).

 

Subjetividade Cada pessoa interpreta o mundo de forma única Reação emocional diferente a um filme

Filosofia/Espiritualidade Busca entender o sentido dessa experiência interna Meditação, introspecção, autoconhecimento

Neurociência Estuda como o cérebro constrói essa interpretação Ativação cerebral diferente por memórias

==========="""""""""""""""""""""""===========

Não há como se livrar da subjetividade

 

A subjetividade não é um "erro" da percepção / ela é a própria forma de existir como ser humano. Tudo o que percebemos passa por filtros internos: memórias, emoções, linguagem, cultura, crenças, vivências.

 

Filosoficamente, isso se aproxima de correntes como:

 

Fenomenologia (Husserl, Merleau-Ponty): A consciência é sempre consciência de algo, e o mundo só existe enquanto aparece a alguém.

 

Psicanálise (Freud, Lacan): O sujeito é estruturado pela linguagem e pelas projeções inconscientes.

 

Espiritualidade oriental (budismo, vedanta, taoismo): O "eu" que interpreta a realidade é um constructo mental — e não a essência verdadeira.

O outro será sempre "eu nele", nas projeções

 

Essa é uma ideia profundamente psicanalítica e espiritual:

 

Quando olho para o outro, não vejo o outro em sua totalidade, mas sim a minha construção sobre ele.

 

Minhas expectativas, frustrações, ideais, medos e desejos se projetam sobre o outro / como um espelho que devolve algo meu.

Exemplo psicanalítico:

Você acha que alguém te rejeita  mas, na verdade, é você quem tem uma ferida de rejeição antiga, e projeta essa insegurança no olhar do outro. O outro vira “tela” da tua subjetividade.

Exemplo espiritual:

No budismo, diz-se que “o mundo é reflexo da mente”. Ou seja, o que vejo no outro também é parte da minha mente projetada fora de mim.

 

Conclusão: subjetividade como ponte, não prisão

 

Embora não possamos eliminar a subjetividade, podemos:

 

 Tomar consciência dela: perceber que interpretamos mais do que enxergamos.

 

... Refinar o olhar interno: com meditação, estudo, escuta, autoconhecimento.

 

... Ampliar a empatia: ao entender que o outro também vive dentro de sua própria subjetividade, abrimos espaço para a compaixão e o respeito....

^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^

2 parte

A frase "a mente subjetiva influencia o mundo objeto" está relacionada à ideia de que nossa percepção, pensamentos e emoções (mente subjetiva) têm o poder de influenciar a realidade externa (mundo objeto). Isso pode ser entendido de diferentes formas, dependendo do contexto:

... Psicológico: Nossas crenças e emoções influenciam a forma como interpretamos o mundo. Por exemplo, se estamos felizes, o ambiente externo parece mais agradável; se estamos tristes, tudo parece mais sombrio. A realidade objetiva pode ser a mesma, mas nossa experiência dela muda de acordo com nosso estado mental.

... Filosófico: Algumas correntes filosóficas, como o idealismo, sugerem que a realidade externa só existe ou é acessível por meio da percepção. Nesse sentido, o mundo objetivo é, de certa forma, "criado" pela mente subjetiva.

... Metafísico/Espiritual: Em tradições espirituais e na física quântica interpretada de forma mística, há a ideia de que a consciência não só interpreta, mas também cria ou molda a realidade. O que acreditamos, sentimos ou pensamos poderia, de alguma forma, influenciar os eventos e as circunstâncias externas.

.... Neurociência: Estudos mostram que a forma como pensamos e sentimos afeta nosso comportamento e decisões, o que, por sua vez, impacta o ambiente ao nosso redor. Por exemplo, uma postura confiante pode influenciar como os outros nos tratam, alterando, assim, o "mundo objetivo" com base em um estado mental subjetivo.

A mente é sempre subjetiva, pois ela é a experiência interna e única de cada indivíduo. Tudo o que pensamos, sentimos e percebemos passa pelo filtro da nossa consciência, influenciado por nossas memórias, crenças, emoções e interpretações.

Mesmo quando tentamos ser objetivos / por exemplo, ao descrever um fato ou analisar uma situação com lógica / ainda estamos interpretando o mundo de acordo com nossa perspectiva. Essa interpretação nunca é completamente neutra. O filósofo Immanuel Kant, por exemplo, dizia que nunca temos acesso à "coisa em si" (a realidade absoluta), mas apenas ao fenômeno, ou seja, a realidade mediada pela nossa mente.

Porém, há também a noção de mente coletiva ou inconsciente coletivo (conceito de Carl Jung), onde certas estruturas e arquétipos seriam compartilhados por todos os seres humanos. Mesmo assim, a forma como cada um vivencia essas influências continua sendo subjetiva.

Pois, para formar qualquer opinião ou entender o mundo, precisamos de algum tipo de referência / seja uma experiência pessoal, um conhecimento aprendido ou até mesmo algo herdado culturalmente.

Mesmo quando tentamos ser "racionais", nossas interpretações ainda estão influenciadas por aquilo que já vivemos. Isso não significa que não podemos buscar mais clareza ou imparcialidade, mas sempre haverá algum grau de subjetividade, porque é impossível se separar completamente do próprio ponto de vista....

Nesse sentido, todos estamos, de certa forma, "subjugados" a essa subjetividade. O que muda é o quanto estamos conscientes disso. Quanto mais percebemos nossos filtros internos, mais podemos expandir nossa compreensão e talvez transcender certos condicionamentos..

 Ter consciência da nossa subjetividade não elimina o fato de que sempre vamos nos basear em algum referencial / seja uma experiência, uma crença, um valor ou até um conhecimento racional. O que muda é que, com essa consciência, podemos ser mais flexíveis, menos presos a uma única perspectiva.

Sem essa consciência, corremos o risco de acreditar que nosso ponto de vista é "a verdade absoluta". Com ela, entendemos que é apenas uma entre muitas possíveis visões. Isso nos permite questionar, aprender e até ajustar nossa forma de pensar conforme ganhamos novas experiências.

Ainda assim será necessário "tender a uma pauta", porque é impossível existir sem algum tipo de ponto de referência. A subjetividade não desaparece / apenas se torna mais consciente e, talvez, mais sábia.

 Não é sobre eliminar a subjetividade, mas sim reconhecê-la e não se deixar dominar por ela. Quando você evita julgar as coisas como certo ou errado, demonstra uma postura de aceitação e flexibilidade / algo que muitas filosofias e tradições espirituais consideram um sinal de equilíbrio mental.

O equilíbrio, no entanto, é dinâmico, não estático. Mesmo com essa consciência, é natural que haja momentos em que antigos padrões emocionais reapareçam. O importante é manter essa presença e continuar observando sem se apegar.

 A subjetividade está profundamente ligada à nossa experiência de existir. Enquanto estivermos vivos e conscientes, sempre haverá um "eu" que percebe, sente e interpreta o mundo. Nesse sentido, talvez seja impossível se livrar totalmente dela.

No entanto, algumas tradições espirituais / como o budismo / falam sobre transcender o "eu" e, consequentemente, a subjetividade. O estado de iluminação ou despertar seria um estado onde a consciência não está mais identificada com o ego, mas sim com O TODO. Nesse estado, a percepção não passa mais pelos filtros pessoais de CERTO e ERRADO, BOM e RUIM. Há apenas o que é.

Mas mesmo esse estado, para muitos, não é algo permanente. Talvez o caminho não seja "deixar de ser subjetivo", mas perceber a subjetividade pelo que ela é / um movimento constante / sem se apegar a ela.

Mesmo a ideia de "estar no caminho certo" já parte de uma referência subjetiva. O budista, ou qualquer outra pessoa em uma jornada espiritual, ainda está interpretando a realidade com base em crenças, conceitos e experiências. Mesmo o desejo de transcendência já é uma vontade subjetiva.

Essa é uma grande questão filosófica: será que existe realmente um ponto de vista totalmente objetivo? Ou será que toda experiência, até mesmo a de iluminação, ainda é subjetiva porque há uma consciência vivenciando aquilo?

Talvez o equilíbrio esteja em aceitar que sempre haverá algum grau de subjetividade  e que isso não é um problema. O importante pode ser a leveza com que encaramos isso, sem nos prender rigidamente a nenhuma verdade.

 

 CONTINUCAO 

 

instragan @elixandracardoso

 

 

 


Publicado por Elixandra ( costura pensamento) em 25/05/2025 às 18h34
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.

Site do Escritor criado por Recanto das Letras