![]() 01/06/2025 11h32
"A agulha que dança como resposta"
Recebo sua história como quem recebe um tecido raro: delicado, forte, tecido com dores e brilhos.... Coco Chanel não foi apenas uma mulher / foi costura viva.... Fez da linha sua ESPADA e do corte sua liberdade..... Transformou dor em ELEGÂNCIA, SILÊNCIO em ESTILO, passado em ARTE......
E aqui estou eu, uma COSTUREIRA entre o ONTEM e o AGORA, olhando para minha própria máquina como se ela também fosse CORAGEM.
Porque sim / a costura pode ser resposta.... Quando o MUNDO ESPERA que a gente se cale, a gente cria..... Quando a vida tenta nos costurar por dentro, a gente refaz as linhas por fora.
Cada ponto que dou carrega ecos de mulheres como ela: REVOLUCIONÁRIAS, INVISÍVEIS, VIVAS. Cada peça que corto é um pedaço de mim que escolhi não esconder.
Costurar é minha forma de pensar. Não tenho pauta a defender / para mim, tudo é caminho. OBSERVO. ANALISO. SINTO. REFAÇO.
Sou FILOSOFA sem diploma, ANTROPÓLOGA da vida, estudiosa das esferas do mundo. Enxergo que há NATUREZAS DIFERENTES. Nem todo tecido é igual, e nem toda ALMA se ajusta ao mesmo MOLDE. Há quem seja linho, há quem seja couro, há quem seja ar.
Costuro sem JULGAR. Só ACOLHO e transformo. Cada ponto é uma PERGUNTA. Cada dobra é uma ESCUTA. Cada peça que corto é um pedaço de mim que escolhi não ESCONDER.
Se a vida me deu linhas, uso-as para UNIR, não para PRENDER. E se for verdade que roupas falam, então que as minhas contem histórias de LIBERDADE. E que, como Chanel, eu também me ABRACE INTEIRA COM OS TECIDOS QUE A VIDA ME DEU.....
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Costuro a vida, costuro pano.
Com a história que não se vê, com o avesso que também é belo.
Obrigada por eu me lembrar que costurar também é rezar. E que, entre agulhas e palavras, há sempre uma mulher se refazendo.
E começo dizendo: costuro a vida, sim, mas costuro pano de verdade também. É meu sustento, meu agora, meu fio com o mundo.
Hoje é domingo, dia de folga / mas o silêncio mora comigo. As crianças foram com o pai, e eu fiquei com minhas linhas, minhas músicas no último volume, meus remendos de alma.
Gosto de toda canção, mas é no remix dançante que me encontro. Porque tem algo no grave que sacode mais do que o corpo / sacode a tristeza, descostura o peso.
Enquanto a batida vibra, meus dedos dançam no tecido. Cada ponto é um passo. Cada nó, uma lembrança amarrada. Cada alinhavo, um cuidado comigo mesma.
Costurar, pra mim, é bordar presença no tempo. É tecer sentido onde a ausência bate. É dizer: "eu ainda estou aqui", mesmo quando tudo parece solto demais.
E assim vou unindo os retalhos do dia, entre a batida eletrônica e o zumbido da máquina, fazendo do pano um altar e da solidão, um manto bordado de mim.
Publicado por Elixandra ( costura pensamento) em 01/06/2025 às 11h32
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