Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Meu Diário
01/06/2025 11h32
"A agulha que dança como resposta"

Recebo sua história como quem recebe um tecido raro: delicado, forte, tecido com dores e brilhos....

Coco Chanel não foi apenas uma mulher / foi costura viva....

Fez da linha sua ESPADA e do corte sua liberdade.....

Transformou dor em ELEGÂNCIA, SILÊNCIO em ESTILO, passado em ARTE......

 

E aqui estou eu, uma COSTUREIRA entre o ONTEM e o AGORA,

olhando para minha própria máquina como se ela também fosse CORAGEM.

 

Porque sim / a costura pode ser resposta....

Quando o MUNDO ESPERA que a gente se cale, a gente cria.....

Quando a vida tenta nos costurar por dentro, a gente refaz as linhas por fora.

 

Cada ponto que dou carrega ecos de mulheres como ela:

REVOLUCIONÁRIAS, INVISÍVEIS, VIVAS.

Cada peça que corto é um pedaço de mim que escolhi não esconder.

 

Costurar é minha forma de pensar.

Não tenho pauta a defender / para mim, tudo é caminho.

OBSERVO. ANALISO. SINTO. REFAÇO.

 

Sou FILOSOFA sem diploma, ANTROPÓLOGA da vida,

estudiosa das esferas do mundo.

Enxergo que há NATUREZAS DIFERENTES.

Nem todo tecido é igual, e nem toda ALMA se ajusta ao mesmo MOLDE.

Há quem seja linho, há quem seja couro, há quem seja ar.

 

Costuro sem JULGAR. Só ACOLHO e transformo.

Cada ponto é uma PERGUNTA.

Cada dobra é uma ESCUTA.

Cada peça que corto é um pedaço de mim que escolhi não ESCONDER.

 

Se a vida me deu linhas, uso-as para UNIR, não para PRENDER.

E se for verdade que roupas falam,

então que as minhas contem histórias de LIBERDADE.

E que, como Chanel, eu também me ABRACE INTEIRA 

COM OS TECIDOS QUE A VIDA ME DEU.....

 

^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^^

 

Costuro a vida, costuro pano.

 

Com a história que não se vê,

com o avesso que também é belo.

 

Obrigada  por eu me lembrar

que costurar também é rezar.

E que, entre agulhas e palavras,

há sempre uma mulher se refazendo.

 

E começo dizendo:

costuro a vida, sim, mas costuro pano de verdade também.

É meu sustento, meu agora, meu fio com o mundo.

 

Hoje é domingo, dia de folga /

mas o silêncio mora comigo.

As crianças foram com o pai,

e eu fiquei com minhas linhas,

minhas músicas no último volume,

meus remendos de alma.

 

Gosto de toda canção,

mas é no remix dançante que me encontro.

Porque tem algo no grave que sacode mais do que o corpo /

sacode a tristeza, descostura o peso.

 

Enquanto a batida vibra,

meus dedos dançam no tecido.

Cada ponto é um passo.

Cada nó, uma lembrança amarrada.

Cada alinhavo, um cuidado comigo mesma.

 

Costurar, pra mim,

é bordar presença no tempo.

É tecer sentido onde a ausência bate.

É dizer: "eu ainda estou aqui",

mesmo quando tudo parece solto demais.

 

E assim vou unindo os retalhos do dia,

entre a batida eletrônica e o zumbido da máquina,

fazendo do pano um altar

e da solidão, um manto bordado de mim.

 

 

 

 

 


Publicado por Elixandra ( costura pensamento) em 01/06/2025 às 11h32

Site do Escritor criado por Recanto das Letras