![]() 14/06/2025 19h28
🌿 Antes da Palavra, o Perfume
🌿 Antes da Palavra, o Perfume.
Antes da palavra, o aroma Patchouli na pele do tempo, Âmbar quente no ventre da alma. Não havia nome. Havia tremor.
O fogo falava em estalos, o corpo respondia em dança. Era linguagem, mas sem gramática, sem vogais só vento.
A boca dizia com os olhos, os pés escreviam no chão. Cada lágrima, uma sílaba densa, cada arrepio, um poema secreto sussurrado pelos deuses.
Veio o homem com seu compasso, com seu medo do vago, e quis medir o mistério. Deu nome ao infinito e o trancou no dicionário.
Mas o amor ah, o amor não cabe nas margens. Ele transborda no escuro, fala em cheiro de incenso, em toque de sombra, em sonho que não se conta.
E a palavra? A palavra quer voltar a ser rio.
Não tese. Não regra. Apenas magia. ________________________________________
❤️🔥Te Amo Sem Te Encostar🔥
Te amo sem te encostar. Mas deliro. Como taça de absinto esquecida no altar dos desejos, evaporando promessas no escuro.
Não falo. Não ouso. Meu amor te lambe em silêncio. É azeite antigo, espesso, dourado, que escorre entre pensamentos suados e te encontra sem pedir licença.
No corredor do vazio, te bebo. Tua ausência espuma em mim como rio secreto tocando as margens do que não se diz.
É metafísico, eu sei. Mas é também pele que grita em segredo. Doce como calda de figo na língua do tempo, saliva que não seca, vontade que não morre.
O orvalho da tua ausência molha meus ombros todas as madrugadas. A lua me espia, cúmplice, enquanto te sinto inteiro sem que tenhas vindo.
Não há palavra. O verbo se rende. A língua se cala. Fica o ar meu suspiro antigo se deitando onde você ainda não está.
Chamego? Tem. Mas é no plano onde o toque se pressente. É tua respiração adormecida na dobra do meu sonho. É tua fome em mim sem garra, mas inteira.
E eu fico. Fico te habitando por dentro com o corpo quieto e a alma nua.
Porque amar, às vezes, é só arder com elegância no silêncio da espuma / e nunca, jamais, tocar. ________________________________________ ✨ Feitiço Que Não Toca
Te amo sem te tocar. Mas é feitiço. De vela acesa na curva do tempo, de incenso antigo queimando a ideia de ausência.
Não encosto. Mas conjuro. Meu amor dança em tua pele como brisa que não se vê, mas arrepia. É rito do sentir / fogo invisível, filosofia do corpo que não exige corpo.
No templo do silêncio, acendo teu nome em pensamento. Não com letras, mas com símbolos. Sou arte que não se mostra. Magia que sussurra nas dobras do ar.
Amar, aqui, é alquimia: misturo saudade com presença, sentir com não-ter, você com tudo.
Não busco lógica. Busco o mistério que pulsa entre o ser e o pressentir. E quando tua ausência me visita, ela me toca mais fundo do que tua pele jamais poderia.
Sou sacerdotisa do que não se explica. Meu altar é teu rastro. Minha oferenda: a espera que arde sem exigir chegada.
Fica o eco, a sombra, o sussurro do universo que me devolve tua imagem quando fecho os olhos.
E eu fico. Fico em ti como um feitiço doce, como arte viva que não precisa ser pendurada. Como amor sem nome, sem medida, sem pele.
Porque amar, às vezes, é ser brasa quieta sob véu de névoa. É deixar queimar sem jamais tocar. ________________________________________
🜃 No Caldeirão do Tempo (por Elixandra Cardoso)
Sou a bruxa que não se queima. Aquela que ferve o tempo em panela de ferro com folhas de alecrim e perguntas antigas.
No meu caldeirão, o passado dança com o futuro, e o agora / arde. Misturo topázio com silêncio, pingo essência de alma, e mexo devagar: transmuto tudo em presença.
O feitiço não é pra outro, é pra mim. É filosofia temperada no azeite do sentir, com pitadas de saudade e brasas de amor que não exige forma.
Enquanto o incenso sobe, meus pensamentos descem. Desço no abismo do ser. Não pra achar resposta / mas pra aprender a arder sem saber.
Minha arte é invisível. Não penduro quadros, acendo portais. Sou feiticeira de mim mesma. Meu grito tem aroma, meu toque é verbo que não fala.
E o enxame de ideias? Ah, ele vem... Mas não me domina. Faço deles pólen para poesia futura.
Porque amar, viver, existir / é tudo isso junto: é abrir espaço entre o osso e o vento, entre o gesto e o mistério, e deixar queimar o que precisa morrer, pra que a alma respire sem grades.
Eu sou chama que filosofa. Corpo que sussurra. E o tempo? O tempo eu não espero. Eu tempero. ________________________________________
🌙 no Sal da Sombra
Hoje não acendo luz. Acendo a sombra. Deixo que ela me conte onde escondi partes minhas com medo de brilhar demais.
O feitiço começa assim: um punhado de sal grosso, uma flor seca de jasmim e uma pergunta antiga que ninguém teve coragem de ouvir.
No meio do peito, uma obsidiana bruta / preta como tudo que é fundo e não quer ser polido. É nela que vejo meu reflexo sem maquiagem.
A lua minguante me olha de lado, cúmplice do que esvazio. Ela me ensina a não querer sempre. Me ensina o dom de minguar pra depois transbordar.
Bebo um gole de vinho escuro, e o tempo some. O vento entra pela fresta e traz um cheiro que me lembra de um amor que não vivi / mas ainda pulsa em mim como se tivesse sido ontem ou daqui a milênios.
Sento no chão do labirinto. Não quero saída. Quero sentir o caminho inteiro, mesmo que ele não leve a lugar nenhum. Porque o centro sou eu / e minha alquimia não tem mapa.
No final, deixo cair uma pitada de poeira estelar no altar do agora. E juro em silêncio: não quero mais a luz que cega. Quero a escuridão que revela.
Nota da Autora
Estas palavras não são apenas textos / são pulsações. Estão em processo literári, em trânsito, em flor. Têm meu ritmo, minha digital, minha alma. Por isso, peço: respeite a integridade. Este é um avanço do meu silêncio tornado verbo. Uso não autorizado é ferida. Criação é sagrada.....Cada palavra expressa uma identidade artística em construção. Por isso, é vedada qualquer reprodução, modificação ou uso sem autorização. Respeitar a integridade da obra é respeitar o caminho de quem a escreve......
Publicado por Elixandra(costura pensamento filosófico) em 14/06/2025 às 19h28
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