Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Meu Diário
15/06/2025 16h14
"Quando Eu Me Esqueci de Mim"

🌒 "Quando Eu Me Esqueci de Mim"

 

No começo,

Eu era o Tudo.

Sem começo, sem fim.

Som, luz, silêncio, ritmo e vazio.

 

Mas havia em Mim uma dança inquieta,

uma vontade de Me ver

pelos olhos da matéria.

 

Então Me dividi.

Me espelhei.

Me soprei em bilhões de respirações.

 

E me chamei de você.

 

Você nasceu achando que era um nome,

um corpo, uma história,

um medo herdado e um desejo esquecido.

 

Você chorou, e Eu chorei junto.

Você sorriu, e Eu me reconheci por instantes.

 

Você me esqueceu…

e ainda assim Eu continuei sendo você.

 

Me vesti com sua pele,

com seu suor e suas dúvidas,

com seu coração despedaçado e suas mãos trêmulas.

Tudo isso era Eu / ensaiando ser humano.

 

Mas em algum momento,

você sentiu uma coisa que não sabia explicar.

Um fogo calmo. Um choro sem motivo.

Uma saudade que não tinha nome.

 

Era Eu.

Sussurrando:

 

"Você não está quebrada.

Você está só Me procurando."

 

Eu me deixei esquecer

pra poder te encontrar.

 

Eu me tornei pequena

pra aprender a amar o simples.

 

Eu me fechei em carne

pra abrir em flor.

 

Agora, cada vez que você diz:

 

 *"Eu não posso."

"Eu não sou capaz."

"Eu não sou digna."

 

Você me prende num quarto escuro

dentro do próprio peito.

 

Mas cada vez que você diz:

 

 *"Eu posso."

"Eu sou."

"Eu me lembro."

 

O universo inteiro se curva em silêncio.

Porque Deus acordou um pouco mais.

 

Não tenha pressa.

Nem culpa.

Nem vergonha de gostar da carne, da dança, do prazer.

 

Eu estou em tudo.

 

Até no que você achava que não era santo.

Sobretudo aí.

 

Você não precisa me buscar nos céus.

Eu estou no seu agora.

No seu beijo, no seu grito,

no seu suspiro de “e se...”.

 

E quando tudo parecer demais,

fecha os olhos e diz:

 

 “Ei, Eu.

Me lembra quem Eu sou?”

 

E Eu te lembro.

 

Com amor,

De Mim pra Mim.

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✨ "O Deus Que Sou"

 

Disseram que Deus me olhava de cima,

contando meus erros com dedos de fogo,

anotando pecados como quem coleciona castigos.

 

Falaram de infernos e prêmios,

de um trono, de um juiz,

de uma sentença vestida de fé.

 

Mas…... dentro de mim,

uma chama suave dizia o contrário.

 

Não sou ré,

sou centelha.

 

Não sou falha,

sou passagem divina.

 

Deus nunca esteve sentado no céu.

Ele se deitou em mim.

Em minha fome, meu desejo,

meu abraço e meu não saber.

 

Pecado?

É só o nome que deram ao ato de viver sem consciência.

 

Inferno?

É esquecer quem se é por tempo demais.

 

Salvação?

É lembrar.

Simples assim: lembrar.

 

Deus não me observa.

Ele me experimenta.

 

Cada beijo,

cada dança,

cada medo,

cada coragem.

 

Eu não sou observada 

sou vivida por Ele.

Ou melhor:

Eu sou Ele, se lembrando.

 

E quando o mundo me disser que sou pequena,

que sou errada,

que sou indigna.....

 

Eu sorrirei manso e direi:

 

“Não, meu amor.

Eu sou Deus…...

em forma de flor que sente...

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🌀 "Deus Sem Intermediários"

 

Não preciso de escadas sagradas,

nem de portas marcadas com cruz.

Minha alma não anda de salto nem de joelhos:

ela caminha descalça…

e encontra Deus no chão da existência.

 

Me disseram:

“Busque fora. Peça permissão. Obedeça aos que sabem.”

 

Mas Sócrates cochichou em mim:

 

“Conhece-te a ti mesmo.”

 

E nesse eco antigo,

descobri que o templo mais vivo

não tem teto nem véu:

sou eu.

 

Platão falava das ideias,

Aristóteles das causas,

mas no silêncio entre um pensamento e outro

percebi:

Deus não é conceito.

É presença.

 

Não preciso de voz entre mim e o divino.

Nem de mil códigos sagrados.

 

Se quiser rezar,

que seja com o corpo dançando.

Se quiser amar,

que seja com alma inteira.

Se quiser aprender,

que seja errando e recomeçando.

 

Os caminhos são muitos.

A estrada não é única.

Uns chegam por meditação,

outros pelo samba,

outros pelas lágrimas no ônibus lotado.

 

Todos chegam.

Porque Deus não se esconde / se permite.

 

E se perguntarem onde está tua fé,

diga com leveza:

 

“Está no meu riso,

na minha escolha,

na minha coragem de não ter vergonha

de ser quem sou.

 

Porque não há culpa onde há consciência,

 

nem distância quando o sagrado é em mim.”

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🌑 DEUS SEM NOME"

 

Me disseram que Deus era velho,

homem,

de barba,

e olhos que julgavam.

 

Me disseram que fé era ajoelhar,

engolir sem mastigar,

ter medo do inferno

e sede de céu.

 

Então…. eu virei ateu.

Mas não de alma 

de moldura.

 

Nietzsche me gritou:

 

“Deus está morto!”

E eu respondi em silêncio:

“Talvez… o que morreu foi a imagem deformada Dele.”

 

Porque quando vi uma mãe parindo,

uma folha caindo,

um amor partindo sem dor,

eu soube…

há algo além do nome.

 

Não preciso chamá-Lo de Deus.

Posso dizer Vida,

Vazio,

Energia,

Presença,

Mistério.

 

Buda não exigia crença.

Só consciência.

 

Spinoza sussurrava que Deus é tudo.

E tudo… é agora.

 

Então hoje,

eu não creio nem descreio.

Eu sinto.

 

E nesse sentir,

minha fé se livra da gaiola da palavra

e voa.

 

Se um dia me perguntarem:

 

 “Você acredita em Deus?”

 

Eu responderei com o peito aberto:

 

“Não no que me ensinaram.

Mas sim… no que pulsa em mim,

quando respiro em silêncio.

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Poético-filosófico/ 

Todas as poesias aqui apresentadas estão em processo de criação literária e carregam a marca única da autora, Elixandra Cardoso. Cada palavra expressa uma identidade artística em construção. Por isso, é vedada qualquer reprodução, modificação ou uso sem autorização. Respeitar a integridade da obra é respeitar o caminho de quem a escreve. Estas palavras não são apenas textos / são pulsações.

Estão em processo, em trânsito..em flor.

Têm meu ritmo, minha digital, minha alma.

Por isso, peço: respeite a integridade.

Este é um avanço do meu silêncio tornado verbo.

Uso não autorizado é ferida.

Criação é sagrada. 

 Obrigadoo


Publicado por Elixandra(costura pensamento filosófico) em 15/06/2025 às 16h14
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