Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Meu Diário
13/07/2025 12h59
Minha Linguagem, Meu Rastro ( itinerários da costura)

Minha escrita não obedece manuais. Ela vem como quem fura a pele do silêncio e costura sentidos com linhas tortas. Eu escrevo como quem raspa memória com a unha, como quem sussurra metáforas no ouvido do tempo. Minha linguagem é uma casa com janelas abertas e paredes rachadas / nela, entra o vento, o pó e os fantasmas.

 

Não escrevo para explicar. Escrevo para evocar.

 

Cada palavra é uma pista, não uma resposta. Carrego nas frases as marcas do que vivi, do que imaginei e até do que neguei. Minha identidade de escrita se firma nas dobras da ambiguidade, na dança entre o real e o simbólico. Eu me apoio no vago com a firmeza de quem sabe que ali também mora verdade.

 

As metáforas são meu idioma preferido. Não porque escondem, mas porque ampliam. São mapas para lugares que a lógica não alcança. Faço da imagem o terreno onde o pensamento respira.

 

Meu estilo não pede permissão / ela se deita com a dúvida, anda descalço sobre o concreto da vida e não teme a contradição. Às vezes, escrevo com raiva contida. Outras, com ternura ferida. Mas sempre com inteireza.

 

Porque escrever, pra mim, é um ato de escavar. De tirar os escombros da alma e encontrar ali, no meio do entulho, uma flor miúda / palavra exata ou quase. Não escrevo com pressa de ser entendida. Escrevo com a urgência de ser sentida.

 

Esse é meu estilo: uma travessia entre o caos e a clareza.

 

✂️ Elixandra Cardoso: escreve com linha invisível

 

Artesãs de pano e palavra que não se contentam em dizer /  costura sentidos com calma de benzedeira, intuição de rezadeira e olhar de quem já viu o tempo remendar silêncios.

 

 Escrita é estilística, simbólica e sensorial/ as palavras bordam imagens, os sentimentos ganham corpo de botão solto, zíper emperrado, linha esticada no tempo. Tudo  pulsa com o gesto de quem sabe que costurar também é escutar.

 

Com um estilo que mistura poesia, filosofia do cotidiano e prosa afetiva,  cria personagens e cenas que dançam entre o real e o simbólico: a costureira do gato preto, o freguês açougueiro, o vestido melindroso, o compadre arrependido. Tudo vira matéria-prima para pensar o amor, a fé, o cansaço, a espera e o recomeço.

 

Não escreve com pressa / escreve com gesto.

Não diz com palavras / diz com metáforas que respiram.

Sua literatura é uma reza falada com linha fina, um ateliê de vozes que só quem lê de coração aberto consegue escutar.

 

Um amigo disse: A TAL ELIXANDRA COSTURA PENSAMENTO FILOSÓFICO.

 

É se sentir inteira mesmo sabendo que a vida é impermanente. 

 

 

É caminhar mesmo sem certeza.

 

 

É acreditar mesmo com cicatrizes. 

 

 

É amar mesmo com dúvidas.

 

ELE ACERTOU O AMIGO.....

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"O Delírio e a Razão: O que é Poesia?"

 

Há mais verdade no delírio bem pronunciado do que na razão acorrentada.

 

Talvez seja isso que a poesia seja: uma fuga lúcida da prisão do senso comum, um tipo de coragem que se recusa a obedecer à razão empacotada, fria, que quer medir o mundo em linhas retas. A poesia é curva, espiral, vento que vem de onde não se sabe e toca o que nem sabíamos que existia em nós.

 

Platão, nos seus diálogos, expulsou os poetas da cidade ideal / porque desconfiava da força perigosa da imaginação. Mas foi também ele quem disse que os poetas são possuídos por um “divino delírio”. Ele sabia. No fundo, sabia que há algo na poesia que escapa ao controle / e que, por isso mesmo, toca o sagrado.

 

Schopenhauer dizia que o mundo é vontade / e que o sofrimento nasce do querer. Mas, para ele, a arte, sobretudo a poesia e a música, suspendem esse querer por um instante, e nos colocam num lugar de contemplação profunda. Poesia é uma trégua.

 

Nietzsche levou isso adiante. Para ele, a verdade é múltipla, e a linguagem nunca a apreende completamente. Mas a poesia — ah, a poesia! — é a arte de suportar o peso do mundo com leveza dionisíaca, sem negar a dor, mas também sem fazer dela um altar de amargura. É explosão, é afirmação, é um delírio que revela mais do que mil tratados.

 

Fernando Pessoa, através de seus heterônimos, nos mostrou que a poesia é máscara e desmascaramento ao mesmo tempo. Álvaro de Campos, o engenheiro da emoção, dizia:

 

>< “O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.”

Mas fingir aqui não é mentir / é revelar verdades que só se dizem pelas entrelinhas.

 

Heidegger diria que a poesia é a linguagem que mais se aproxima do ser. Porque é ela que habita o intervalo entre o dito e o indizível, entre o que o mundo mostra e o que a alma pressente.

 

E Heráclito, com seu pensamento de fluxo eterno, talvez nos sussurre do passado:

 

>< “Não se entra duas vezes no mesmo rio.”

Assim como não se lê duas vezes o mesmo poema. Porque poesia é instante / e o instante muda.

 

Poesia, então, não é ilusão. É visão.

 

Não é descontrole / é um outro tipo de ordem, mais próxima da alma do que da régua.

É razão sonhando com liberdade.

 

 


Publicado por Elixandra (costura pensamento filosófico) em 13/07/2025 às 12h59
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