"O Homem que Não Sabia Seu Nome"

Ele sorria, conversava, fazia piadas. Tinha amigos, família, rotina. Para todos, ele era “gente boa”, “tranquilo”, “do bem”. Mas à noite, quando o silêncio invadia a casa e o celular parava de vibrar, algo sussurrava no fundo do peito: “Quem é você?”.

Não era uma pergunta simples. Era um grito abafado de tudo o que nunca foi dito, de tudo o que ele engoliu para agradar, de todos os sonhos que deixou pra depois. Ele percebeu, com um certo susto, que ninguém o conhecia de verdade. Mas o mais assustador mesmo foi notar: nem ele próprio.

Passou tanto tempo se moldando às expectativas que se tornou um espelho — só refletia o que os outros queriam ver. Mas um espelho vazio não tem rosto. E agora, ele queria se ver. Talvez pela primeira vez.

Elixandra cardoso

Pensamento reflexivo filosófico