Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Textos


"A partida da minha mãe"                       (2 parte)

 

Depois daquele silêncio que me engoliu, veio o motivo que eu não queria nomear:

a ausência da minha mãe.

 

Não foi só uma despedida. Foi o mundo mudando de eixo.

Foi perder o chão, o norte, o colo.

Foi ver o tempo virar cacos e o futuro ficar mudo.

 

Eu lembro da última vez que vi seus olhos.

Havia uma luz cansada, mas ainda assim cheia de amor.

Ela me olhava como quem sabia,

e eu, como quem fingia não saber.

 

A vida seguiu depois dela, mas eu não.

Parte de mim ficou ali, presa em um abraço que não terminou.

Em uma última frase que eu não disse.

Em um "fica mais um pouco" engasgado.

 

Desde então, carrego essa saudade como quem segura uma pétala no meio de uma tempestade:

com cuidado demais, medo demais.

 

Mas aos poucos, fui entendendo.

O amor não parte com quem parte.

Ele permanece — no cheiro de café, no jeito de dobrar uma roupa, no silêncio que ecoa o nome dela.

 

E quando olho pro céu, às vezes nem choro mais.

Só fecho os olhos e digo:

"Mãe, eu ainda estou aqui. Mais forte do que pareço. Mais tua do que nunca."

 

ELIXA

 

Ensaio filosófico poético lírico reflexivo alma de crônica 

Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 19/04/2025
Alterado em 24/04/2025


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