Subjetividade e Objetividade: Dois Olhares Sobre o Mesmo Mundo

A realidade, em sua essência, é uma só  mas nossos modos de enxergá-la se dividem entre duas lentes: a objetiva, que busca o que é comum a todos, e a subjetiva, que revela o que é íntimo, pessoal e único. Ambas são formas de se aproximar do mundo, e nenhuma delas, por si só, consegue dar conta da totalidade da experiência humana.

A objetividade pretende ser neutra. É o domínio dos fatos, dos dados, daquilo que pode ser medido, comprovado e compartilhado universalmente. É a linguagem da ciência, da justiça, da observação imparcial. No entanto, mesmo aquilo que parece objetivo passa, em algum momento, pelo crivo da percepção humana / e é aí que a subjetividade se insinua.

A subjetividade, por sua vez, é o mundo visto de dentro. É a maneira como cada indivíduo sente, interpreta e reage à realidade. Duas pessoas podem viver o mesmo evento, mas jamais terão a mesma experiência. Isso porque o olhar subjetivo é moldado por memórias, afetos, expectativas e vivências. É o espaço do sentir, do imaginar, do desejar.

Quando se diz que “o evento é objetivo, mas as interpretações são subjetivas”, afirma-se que o real é compartilhado, mas o significado do real é pessoal. A chuva que cai é a mesma para todos, mas o que ela evoca em cada um é profundamente diferente.

Essa tensão entre subjetividade e objetividade nos obriga a refletir sobre nossos julgamentos, nossas certezas e até mesmo nossas verdades. A objetividade nos oferece estrutura, mas é a subjetividade que dá cor à existência. Ignorar uma em favor da outra é empobrecer a experiência humana.

O desafio está em equilibrar essas duas formas de ver. Reconhecer que existem fatos, mas que todo fato é vivido por alguém. E mais: compreender que mesmo a ciência, ao tentar apagar o sujeito, carrega consigo a marca de quem a interpreta.

Portanto, viver é dançar entre essas duas dimensões. É aprender a valorizar o que pode ser comum a todos, sem perder o respeito pela riqueza do que é único em cada um. Porque, no fim, o mundo que compartilhamos é feito por olhos que o veem de formas diferentes / e é justamente aí que reside a beleza da condição humana. 

Esse tema sempre me atravessou de maneira profunda. Pensar sobre subjetividade e objetividade é, para mim, pensar sobre o próprio modo como existo no mundo e enxergo o outro.

Talvez porque, no fundo, ele me mostra o quanto vejo o mundo a partir de mim mesma — e o quanto isso muda tudo.

Elixandra cardoso 

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