O Silêncio que Sabe: O Tao e o Limite das Palavras

“Aquele que sabe não fala. Aquele que fala não sabe.”

“O Tao que pode ser nomeado não é o verdadeiro Tao.”

Essas frases, tão simples quanto cortantes, são convites ao mistério / e um lembrete de que a verdade mais profunda não se deixa capturar por palavras.

Vivemos em uma era de explicações. Tudo precisa ser nomeado, categorizado, transformado em método, técnica ou conteúdo. Até o que é sutil, como a espiritualidade ou o autoconhecimento, vem sendo traduzido em fórmulas prontas. Mas o Tao, como os mestres taoistas nos ensinam, não é algo que se pega — é algo que se vive.

Nomear o Tao é já se afastar dele. Falar sobre o saber é já se perder dele. Isso não significa que devemos viver em silêncio absoluto ou ignorar o pensamento. Significa apenas que há um limite para onde a linguagem pode nos levar.quando paramos de tentar entender e começamos a apenas estar.

Heisenberg, séculos depois, trouxe isso à física: o observador muda o observado. A tentativa de medir o mundo o transforma. O Taoísmo dizia o mesmo — só que falando da alma, da vida, da realidade fluida que escapa ao controle.

Hoje, muitos usam essas ideias para vender poder pessoal: “você cria sua realidade com seus pensamentos”. Mas o Tao não promete controle. Ele convida à rendição. Ele não diz: “mude tudo com sua mente”. Ele sussurra:“solte a necessidade de mudar.”Talvez, então, saber de verdade seja desaprender o desejo de dominar.

E viver o Tao seja aceitar que o que é mais real não se explica — só se sente.

E eu, sinceramente, acho que quanto mais tentamos dominar a vida, mais nos afastamos dela. Talvez o mais sábio seja mesmo o simples: estar, sentir e deixar ser. O Tao é mais sobre escutar o silêncio do que tentar entender o barulho. É confiar que existe sabedoria até no que não se pode explicar.

é aí que está a beleza: não no controle, mas na entrega. Não em saber tudo, mas em viver com o coração aberto ao que não se pode nomear.

Elixandra cardoso...

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