![]() “O ser que se procura é o ser que se revela”
Quando nos deparamos com a frase “O ser que se procura é o ser que se revela”, somos imediatamente provocados a refletir sobre o que realmente significa buscar o nosso próprio ser. É uma frase cheia de camadas, que nos convida a uma viagem interior, onde, ao invés de procurar algo no mundo externo, começamos a entender que a busca é, na verdade, um caminho de autodescoberta. Não é algo que encontramos de fora para dentro, mas algo que se desvela de dentro para fora. Na filosofia ocidental, pensadores como Martin Heidegger refletiram sobre o ser como algo que está sempre parcialmente oculto. Ele não é algo fixo, algo dado de forma clara, mas algo que está em constante processo de desvelamento .O ser, para Heidegger, não é uma coisa que possuímos; é uma experiência, um mistério que se revela a medida que nos voltamos para ele com sinceridade e atenção. O que estamos procurando, portanto, não é algo distante ou fora de nós, mas é aquilo que nos habita, mas que muitas vezes está encoberto pela rotina, pelas distrações e pelas máscaras que usamos para viver. Em uma perspectiva mais oriental, como no Taoismo ou na filosofia Vedanta, o ser é algo que já está presente, mas que precisamos aprender a reconhecer. Ele não é algo que se cria ou que se encontra em algum lugar remoto. Pelo contrário, o ser está ali, sempre disponível, mas encoberto pela ilusão da separação, do ego e dos desejos. Para essas tradições, a busca é mais uma forma de lembrar, de reconhecer a verdade que já está em nós. Assim como uma chama que permanece oculta sob a brisa, o ser se revela quando o vento das distrações é dissipado, deixando a luz brilhar.
O paradoxo da frase "O ser que se procura é o ser que se revela" é justamente esse: a busca pela verdade sobre quem somos é o próprio movimento que permite a revelação dessa verdade. Não estamos à procura de algo que não existe, mas estamos, de certa forma, retirando os obstáculos que nos impedem de ver claramente aquilo que sempre esteve ali. Como quando buscamos encontrar a paz interior, e não a criamos de fora para dentro, mas permitimos que ela se revele, fluindo de dentro de nós. A verdadeira busca, então, é uma viagem interna. É no silêncio que o ser se revela, não no alvoroço da vida cotidiana. Quando paramos para refletir, quando olhamos para dentro com sinceridade e sem julgamentos, começamos a perceber aspectos de nós mesmos que antes estavam escondidos, não por falta de presença, mas pela nossa falta de atenção. O ser se revela no momento em que paramos de procurar fora e passamos a olhar para dentro, para o que está presente o tempo todo. Assim, a busca por si mesmo não é uma tarefa de encontrar algo novo, mas de revelar aquilo que já está em nós, de permitir que o que somos de verdade se manifeste. E isso acontece de forma gradual, porque o ser não se revela de uma só vez, mas se desvela aos poucos, conforme nos permitimos acolher e compreender a nós mesmos. É nesse processo contínuo de busca, de questionamento, de reflexão e de abertura para o que vem de dentro, que encontramos o ser que procuramos. E, ao encontrá-lo, percebemos que ele nunca esteve perdido. Ele sempre foi parte de quem somos — apenas esperando para se revelar.
—Exploração pessoal e reflexão—
No fim, o que escrevo aqui não tem a intenção de ensinar ou transformar nada. Não escrevo para convencer ou mudar algo no mundo exterior. Escrevo porque esse tema, essa busca pelo ser, atravessa minha mente de uma maneira profunda e constante. É um tema que me toca, que me provoca, e que, por mais que eu tente entender ou moldar, continua a se desdobrar, como algo que está sempre se revelando de forma sutil.
Escrevo para mim, para entender um pouco mais sobre o que é esse ser que se procura e se revela. Escrevo para manter guardado, para retornar a ele, como uma lembrança que se perde e se reencontra. E, se alguém ler, que seja apenas mais um eco dessa busca. Mas, no fundo, escrevo porque esse é um tema que me atravessa, e escrever sobre ele é uma forma de, talvez, encontrar algum sentido nesse constante movimento de descoberta.
Ensaio filosófico poético
Elixandra cardoso... Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 20/04/2025
Alterado em 24/04/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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