![]() Mãe: A Escrita Que Brota da DorEscrever para Sentir, Sentir por Ela – Mãe
Escrever e Sentir: A Ausência da Mãe
Escrevo, Sinto, Choro – Mãe
Não escrevo para ensinar, nem para mudar ninguém. Escrevo, muitas vezes, para não explodir. Escrevo porque certas dores não cabem no silêncio. Porque, por mais que eu entenda algumas coisas, por mais que eu conheça as teorias, elas simplesmente desmoronam quando a dor chega.
Tem momentos em que nada faz sentido, e tudo o que resta é o que sinto. Só eu sei o que pulsa aqui dentro. Só eu escuto o grito da minha alma quando ela chora ///e chora sem som, por dentro, silenciosa e cortante.
É saudade. Uma saudade que dilacera. Uma falta que nenhuma explicação resolve. Uma ausência que carrego como um vazio cheio de lembranças. Mãe... Mãe, onde você está? Eu te procuro em tudo. Eu te sinto em mim, mas mesmo assim dói. Dói muito.
Escrevo isso não para consolar ou ser consolado, mas porque às vezes escrever é tudo o que posso fazer para não me afogar nesse sentimento. É minha forma de respirar, quando a alma quer parar.
Apesar de entender algumas coisas, de ler teorias, buscar respostas, mergulhar em filosofias... todas elas caem por terra quando a dor aperta. Quando a saudade se torna maior do que qualquer pensamento bonito sobre alma, tempo ou eternidade.
É só eu aqui. Só eu e esse choro interno que ninguém vê. Um choro silencioso, mas profundo, que grita dentro de mim. Minha alma chora... e tudo o que consigo fazer é sentir. Sentir essa ausência que não se explica, que não se preenche.
Penso, às vezes, que morrer é renascer. Que a vida continua, que tudo tem um sentido maior. Mas sou humana. Frágil. E talvez até egoísta por isso. Porque eu só queria ela aqui. Queria minha mãe. Queria ouvir sua voz, tocar sua mão, dizer que sinto saudade com o corpo inteiro.
Escrevo para aliviar, porque não sei como lidar. Porque a dor não passa, só muda de forma. Porque sentir, às vezes, é tudo o que posso fazer. E escrever é meu jeito de continuar de pé.
Nem mesmo a apatheia, esse estado de tranquilidade que tanto busquei, me alcança agora. Porque há dores que são humanas demais para a razão tocar. Hoje, especialmente hoje, nenhuma filosofia me serve de abrigo.E só consigo escrever. Só consigo sentir. E, talvez, sobreviver assim.
[CENA 1 – sua voz, olhando uma foto] "Agora só restaram fotos, mãe… Só imagens paradas onde o tempo não toca, mas minha saudade grita em movimento".
[CENA 2 – sua voz baixa, quase um desabafo] "Às vezes me pergunto: onde você está? Por que não responde? Por que ficou tudo tão vazio?"
[CENA 3 – a voz dela, suave, como um sussurro no vento] "Eu estou aqui, meu amor. Na brisa leve que toca seu rosto, na memória que aquece seu peito. Não me vê com os olhos, mas sente… sente com a alma."
[CENA 4 – sua voz, emocionada] "Então é isso… Mesmo sem te ver, eu te carrego em mim."
"Escrevi e senti tudo isso ouvindo ‘Comptine d’un autre été: L'après-midi’, de Yann Tiersen." [A música começa suave e toma o lugar da voz, encerrando com emoção]
Elixandra cardoso
Ensaio poético lírico,discurso com alma de crônica...
Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 20/04/2025
Alterado em 24/04/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
|