"Yin e Yang: o Encontro no Silêncio do Vazio"

No princípio, havia o Vazio. Não o nada frio e sem forma, mas o silêncio fértil de onde tudo nasce. Foi ali que Yin despertou, envolta em brumas e curvas, sussurrando canções que ninguém ainda tinha ouvidos para ouvir. Era noite sem ameaça, sombra que acolhe, ventre do mundo.

Yang veio depois, como um raio cortando o escuro, trazendo forma, direção, impulso. Era o sol que nasce sem pedir licença, o primeiro passo do desconhecido, a faísca que acende o fogo.

Ambos se olharam e souberam, sem dizer palavra: um não existiria sem o outro.

Yin dançava em espirais, fluída, serena, como um rio que sabe por onde passar sem saber por quê. Yang era reta, objetiva, certeira, como a flecha que encontra seu alvo mesmo antes de ser lançada. Entre eles, surgiu o Tempo. E no tempo, o Movimento.

"Sou o repouso", disse Yin.

"Sou o gesto", respondeu Yang.

"Sou o recolhimento."

"Sou a expansão."

"Sou a noite que te guarda."

"Sou o dia que te revela."

E assim se amaram >> não no sentido humano de posse ou carência >> mas no toque eterno entre opostos que se completam. Onde um terminava, o outro começava. Onde um falhava, o outro sustentava. Cada gesto de um era um convite para o outro existir.

Do ventre de Yin e Yang nasceram todas as coisas: o vento e a rocha, o medo e a coragem, a música e o silêncio, o sonho e o despertar. E cada ser trazia em si a semente do equilíbrio / ainda que se esquecesse disso ao longo do caminho.

Alguns tentaram separar os dois. Queriam apenas o claro, o forte, o visível. Outros se perderam no escuro, no esconderijo sem fim. Mas sempre que um extremo se sobrepunha, a vida lembrava: nada caminha só. Nem a luz. Nem a sombra.

Hoje, Yin e Yang ainda dançam. Às vezes se confundem, às vezes se distanciam. Mas nunca se perdem um do outro. Porque, no fundo, são a mesma coisa em gestos diferentes: o coração secreto do mundo.☯️

Ensaio filosófico com mistura poética mitologia lírico