Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Textos


"O Medo e a Coragem: Guardiões do Mesmo Portal"

 

Numa estrada que não levava a lugar algum > ou talvez levasse a todos os lugares > o Medo e a Coragem se encontraram. Estavam parados diante de um portal antigo, onde nada era garantido, e tudo podia mudar.

 

O Medo veio primeiro, como sempre. Caminhava curvado, vestindo sombras e sussurrando dúvidas. Ele apontava os perigos, os precipícios, as perdas possíveis.

A Coragem chegou depois. Não usava armadura, nem escudo. Trazia os joelhos ralados e olhos firmes > olhos que já tinham chorado, mas seguiam abertos.

 

“Não vá”, disse o Medo. “Você pode cair.”

“Eu sei”, respondeu a Coragem. “Mas eu posso voar.”

 

O Medo se agitou, mostrou todas as cicatrizes do passado. Apontou para os fracassos, os nãos, os abandonos.

Coragem não desviou o olhar. Tocou suas próprias cicatrizes com delicadeza, como quem toca aprendizados.

 

“Você me odeia?”, perguntou o Medo, quase num sussurro.

Coragem sorriu: “Não. Eu só não obedeço mais.”

 

Foi ali que o Medo entendeu algo: ele não era o vilão. Era o guardião do limiar. Sua função nunca foi impedir, mas perguntar: Você tem certeza? Está pronto para sentir tudo o que virá, inclusive o que pode doer?

 

Coragem não nasce sem Medo. É filha dele. Porque só há bravura onde há risco. E só há salto onde existe abismo.

 

Os dois, então, permaneceram lado a lado. Medo, como sentinela. Coragem, como resposta.

E quando o portal se abriu, não foi apenas a Coragem que atravessou.

 

O Medo também foi > tremendo, silencioso > mas foi.

Porque, no fundo, ele também queria ver o que havia do outro lado.

 

Ensaio filosófico poético 

 

É isso...

 

Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 22/04/2025
Alterado em 24/04/2025
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