"O Silêncio e a Palavra: Uma Conversa Que Nunca Terminou"

Eles se encontraram num espaço entre dois pensamentos. Ali, onde ninguém fala e ninguém escuta, mas tudo é sentido.

O Silêncio chegou primeiro, como sempre. Não fez barulho. Apenas se sentou. Seu corpo era feito de pausas, de respiros profundos, de presenças invisíveis.

A Palavra veio depois, leve como o vento, com sílabas escorrendo pelos dedos. Carregava histórias, promessas, gritos e confissões.

“Você incomoda quando chega demais”, disse o Silêncio, com uma voz que nem era voz / era um vazio cheio de ecos.

“E você fere quando dura demais”, respondeu a Palavra, com um tom de cansaço antigo.

Silêncio queria profundidade. Palavra queria expressão.

Um queria manter. O outro, libertar.

Mas ali, diante um do outro, algo aconteceu:

A Palavra percebeu que sem o Silêncio ela era ruído.

E o Silêncio notou que sem a Palavra ele era ausência.

“Eu te preparo”, disse o Silêncio.

“E eu te revelo”, respondeu a Palavra.

Foi nesse instante que dançaram.

A Palavra passou a visitar o mundo com mais cuidado, deixando espaço para o Silêncio repousar entre uma frase e outra.

E o Silêncio, por sua vez, aprendeu a não se fechar completamente > pois até o mais profundo silêncio deseja, vez ou outra, ser dito.

Desde então, habitam juntos nos poetas, nos amantes que se olham sem falar, nas orações sussurradas, nas cartas que nunca foram enviadas.

Porque o mistério da vida não está só no que se diz.

Nem só no que se cala.

Mas no intervalo entre os dois.

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Ensaio filosófico poético 

É isso...