![]() "Ela é Mar"
Certa vez, deitada numa rede num entardecer qualquer > desses que chegam devagarinho lá pelas 18h, entrando mansamente pela casa como quem pede licença >, perambulando distraída pelas redes sociais, me deparei com uma frase que me atravessou como o vento atravessa as rendas de uma varanda antiga: “A mulher é como um oceano que carrega seus segredos mais profundos.”
Fiquei ali. Parada. Como quem esquece do amanhecer por um instante. Como quem escuta mais o que sente do que o que ouve.
E comecei a pensar.
Quantas vezes tentam ler a mulher pela superfície? Julgam pelas ondas, interpretam pelo que espuma, e ignoram o mundo que pulsa lá embaixo > onde o sol mal chega, onde a luz hesita. A mulher não é o que se vê; ela é o que se pressente.
Ela carrega lembranças como conchas esquecidas no fundo da alma. Segredos que não são muros, mas abrigo. Emoções que mudam como marés, intuições que se movem feito correntes ocultas. E não, não é fragilidade: é vastidão.
Há quem tema sua profundidade. Há quem queira explicá-la com mapas, bússolas e teorias rasas. Mas o mistério não cabe em fórmulas. O mistério se contempla.
E como o mar, ela também tem tempestades. Ondas que quebram. Redemoinhos que engolem. Mas tudo isso é parte da dança > um chamado à renovação. Quando volta à calmaria, volta com outra pele, outro sal, outro saber.
O tempo passou. As luzes da noite tomaram o céu. Mas fiquei ali, presa àquela frase, como quem ainda sente o balanço do barco mesmo em terra firme.
E pensei: compreender uma mulher é mais do que mergulhar. É saber respirar debaixo d’água. É se despir das urgências e escutar com os olhos. É não exigir, mas estar. Não julgar, mas sentir. Porque há profundezas que só se revelam a quem tem coragem de afundar sem pressa.
Mais continuei a pensar no embalo da rede...
A mulher jovem, em sua vitalidade, frescor e poder de gerar vida, traz consigo os começos: o florescer dos segredos, o impulso da descoberta, a leveza de quem ainda está se aglomerando por dentro. Já a mulher madura, mesmo que não carregue mais os mesmos sinais biológicos da juventude, é o porto onde os mistérios repousam com profundidade. Ela guarda em si acúmulos de sabedoria, atravessada por silêncios antigos e novas compreensões. Não é o fim de um ciclo, mas o desvelar de uma face mais autêntica > aquela que surge quando as máscaras caem e o ser se revela em sua inteireza. É quando o mar já não teme a sua própria profundidade.
Com isso, se deu 20h. No embalo da rede da varanda, sentindo a brisa ainda morna da noite que chegava, meu gatinho preto enroscou-se nos meus pés, fora da rede, como quem chama de volta pro agora. Despertei do mergulho que dei sobre o mar dela > esse mar que me habita também.
“Vamos prosear mulher jovem madura! Chega pra cá. Me conta um pouco do mergulho das tuas profundezas, do teu cotidiano...”
Mas sei que aqui não cabe tudo.
Então, se quiser me escrever, deixa um e-mail.
A gente segue o papo por lá <> com menos pressa e mais coração.
Crônica, carta poética, mensagem, prosa poética, discurso,seja lá o que for, tá registrado....
"Chamam-nas de tempestade de um mar agitado, mas esquecem que foram os ventos da história que as empurram para esse papel."
"Pintam-nos como demônias bruxas, esquecendo que somos apenas atrizes no palco das circunstâncias que começou lá atrás, um história mal contada"
Prosa poética com alma de crônica com mitos lírico
Isso é tudo...
Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 23/04/2025
Alterado em 24/04/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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