Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Textos


"Costuras que o Tempo Não Desfaz" (Homenagem às Mulheres de 40 a 100 anos ou mais)

 

Subtítulo:

"Abro, tiro, fecho > como gaveta de máquina antiga: mulher madura é memória viva, só mostra o que importa, e guarda no peito o que tem valor."

 

Os tecidos de antigamente, minha fia, vestem é com memória >

igual mulher madura: têm peso, têm caimento e nunca saem de moda.

São feitas de tramas que o tempo não apaga,

de dobras onde a história se acomoda e de bainhas onde o silêncio repousa.

 

São elas > mulheres de 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100 mil luas 🌙

que aprenderam a costurar a própria liberdade

com linha de resistência e ponto atrás de coragem.

Enquanto o mundo quer selfie, elas querem sentido.

Enquanto a rede julga o corpo, elas bordam presença.

 

Mulheres que não cabem em filtros,

nem se dobram a padrões que só engessam alma.

Mulheres que correm com os lobos e dançam com suas rugas

como quem honra a travessia.

 

Não é idade, é enredo.

Não é fase, é costura.

Não é decadência, é poder que não precisa provar nada.

 

Que fiquem com seus likes e juventude plastificada,

nós ficamos com o cheiro do armário antigo,

o bordado feito à mão e a sabedoria que não se compra.

 

Porque mulher madura, minha fia,

é aquele tecido que o tempo não rasga.

E se rasgar, ela mesma dá o nó.

 

E dizem que quando a mulher madura escuta o chamado da alma, ela não volta mais a ser a mesma. Clarissa Pinkola Estés, com seu livro aceso como lamparina de terreiro, escreveu sobre essa loba que mora em nós: instintiva, antiga, selvagem, sábia > aquela que cava com unhas afiadas os ossos do que foi perdido. Não é só metáfora, é retorno ao que fomos antes do medo.

 

“Ela é a guardiã dos ciclos de vida e morte. A que sabe parir e enterrar.” > escreveu Clarissa, e a gente sente isso nas entranhas.

 

 "Mas a gente, minha fia, aprendeu a criar cantinho até dentro do silêncio. Simone de Beauvoir já dizia que “não se nasce mulher, torna-se” > e a gente se tornou no calor do ferro de passar e na poeira dos dias repetidos.

 

A mulher madura carrega mitos como quem carrega bordado antigo na palma da mão. Ecoa Perséfone que desceu ao submundo e voltou mais forte. Carrega Iansã que dança no vendaval e acende paixão nos olhos. É Medusa, é Afrodite, é Pachamama: terra que nutre, serpente que muda de pele, ave que se ergue das cinzas.

 

Os tecidos da vida não são lisos > são tramados com luto, gozo, luta e fé. E mulher madura sabe disso: veste suas cicatrizes como bordado nobre, daqueles que só o tempo ensina a costurar.

 

Moral da história

 

minha fia, é que fio que se quebra no meio da costura nem sempre foi fraco > às vezes, foi só a tensão demais de uma vida que não respeita o tempo da mão que borda.

 

A mulher que aprendeu a costurar o próprio destino com ponto miúdo e firme, entende que beleza não tá no pano novo, mas no remendo bem feito. Que cada ruga é risco do bordado do tempo, que cada cicatriz é costura que não deixou a alma rasgar de vez.

 

E que a linha mais preciosa não é a de ouro nem de prata, mas aquela que segura as partes de dentro quando o mundo de fora quer despedaçar.

 

No fim, minha fia, a costura é alma: se não tiver paciência, arrebenta; se bordar com verdade, segura até silêncio pesado.

 

Homenagem filosófica poética mitológica e muita resenha e vestido de chita costurado a mão agulha é caneta caderno trama de seda fina....

 

É isso

 

Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 26/04/2025
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