Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Textos


"O Dia em Que o Calor Discutiu com a Alma" 

 

calor, tensão e um embate filosófico entre duas figuras simbólicas. 

 

* Era um daqueles dias do pingo do meio dia, em que o sol parece querer ferver o mundo por dentro. A brisa cansou de soprar e o ar, pesado, soltava faíscas pelas brechas da teia da varanda. Nesse calor, até pensamento grudava na testa.

 

* Foi nesse cenário que se deu a discórdia entre dois velhos conhecidos: Senhor Apego, vestido de passado, e Seu Confuso, coberto por um manto de perguntas.

 

* Você está perdido > disse Senhor Apego, abanando-se com um pedaço de ontem. > Não sabe o que quer, não sabe pra onde ir...

 

* Seu Confuso suspirou, com a testa molhada e o coração inquieto.

 

* Não é isso> acho que preciso de tempo pra entender.

 

* Senhor Apego riu baixo, como quem já ouviu aquilo mil e uma vezes.

 

* Não está confuso, só não quer soltar. O que você chama de dúvida, às vezes, é só medo de deixar o que já conhece.

 

* Seu Confuso apertou os olhos, como se buscasse alguma sombra dentro de si.

 

* Mas dói, Apego. Dói deixar. Dói aceitar que acabou...

 

* Claro que dói. Mas a confusão, muitas vezes, é só resistência disfarçada. Lá no fundo, você já sabe o que precisa fazer> o que precisa aceitar .Só não quer >> respondeu Apego, agora mais brando, como quem também já sentiu essa dor.

 

* O calor estalava teia por teia.

 

* Seu Confuso se calou. O silêncio pesou, mas não machucava. Era um silêncio diferente>> quase sábio.

 

* Um sábio me disse uma vez. >>> murmurou, olhando o céu sem nuvem > << que a clareza não nasce da resposta, mas do silêncio.

 

 * Senhor Apego não respondeu. Ficou ali, imóvel, como uma lembrança que começa a perder cor.

 

* Eu não preciso entender tudo > completou Seu Confuso, com a voz mais firme. > Só preciso parar de agarrar tudo.

 

* E naquele instante, uma leve brisa voltou a passar. Fraca, mas nova.

 

* A mente fica confusa quando quer duas coisas ao mesmo tempo:

Crescer sem abrir mão.

Mudar sem se mexer.

Despertar sem morrer.

 

* Mas o caminho reto > aquele que clareia mesmo em dias quentes > exige entrega.

Exige abrir a mão, mesmo tremendo.

Exige deixar ir, mesmo sem saber o que vem depois.

 

* A confusão vai embora quando você para de resistir ao que já foi,

e aceita que a dor também é ponte,

também é parte do trajeto.

 

* Porque não dá pra ficar inteiro carregando o que já venceu,

não dá pra seguir leve com a alma cheia de passado estagnado.

 

* Então, você está mesmo perdido>

>> ou só se recusando a soltar?

 

Filosófico budismo taoismo

 

É  isso

Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 26/04/2025
Alterado em 26/04/2025
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