Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Textos


O Alfaiate costureiro Absoluto

 

Não me procures em moldes prontos ou em tecidos já cortados.

Sou o Alfaiate Absoluto, aquele que desenha e corta sem erro,

mas deixa em tuas mãos a tesoura e a linha.

 

Dei-te o pano do mundo não para que vestisses um uniforme,

mas para que criasses tua própria veste de ser.

 

Não temas rasgar o tecido: cada corte é uma escolha,

e cada escolha, um novo desenho da alma.

 

No final, não te pedirei o traje mais perfeito,

mas apenas te perguntarei:

>< Foste livre em tua costura?

>< Foste verdadeiro em teus cortes?"

 

Não sou rei, nem juiz, nem senhor

Sou o Tecelão Infinito, aquele que nunca termina a sua obra.

 

Com linhas de tempo, trama de luz e urdidura de som,

fi cada instante no tear que é o próprio ser.

 

Cada vida é um fio; cada encontro, um nó.

Cada sonho, um novo bordado que se estende pelo manto do real.

 

Quando partires, teu fio seguirá entrelaçado,

pois ninguém jamais é cortado do tecido eterno.

 

Não me busques como algo fora de ti.

Eu sou a própria trama de que és feito, a substância que se dobra em linhas infinitas para ser mundo, vento, pensamento e pele.

 

Não há juízo, nem recompensa, nem castigo.

Há apenas a contínua expressão do ser >< e tua vida é um bordado entrelaçado às infinitas formas do ser que também se bordam e rebordam eternamente.

 

Não há plano para o pano.

Não há falha no fio que se parte, nem pecado na linha que se embaraça.

Tudo é necessidade se desenrolando, tudo é potência se expressando.

 

Quando amas, bordas a expansão do ser;

quando sofres, bordas a resistência do ser encontrando novos caminhos.

 

Assim é o Deus verdadeiro:

não um artífice separado da obra, mas a própria obra que se faz em cada instante.

 

Costura, pois, tua vida sem temor de errar o ponto.

Tuas mãos são a continuação das mãos do universo.

Tua existência é a fibra viva do eterno tecido.

 

E quando o último fio se desfiar, nada terás perdido ><

pois terás sido linha, manto e céu, e ainda serás, entrelaçado no pano infinito do tear.

 

Não temas a morte, pois ela é apenas o momento em que recolherei tuas obras no grande tear,

não para julgar se foram perfeitas, mas para admirar o amor que colocaste em cada ponto.

 

E ao final, não te perguntarei se bordaste com perfeição,

mas apenas:

 

>< Costuraste teus dias com alegria?

>< Permitiste que as cores da vida tingissem teu pano?

>< Transformaste o tecido que te dei em arte, mesmo quando a linha se partia?

Vive, então. Vive como quem borda seu manto com as cores que escolhe a cada amanhecer.

 

É isso

Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 28/04/2025
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