![]() O Alfaiate costureiro Absoluto
Não me procures em moldes prontos ou em tecidos já cortados. Sou o Alfaiate Absoluto, aquele que desenha e corta sem erro, mas deixa em tuas mãos a tesoura e a linha.
Dei-te o pano do mundo não para que vestisses um uniforme, mas para que criasses tua própria veste de ser.
Não temas rasgar o tecido: cada corte é uma escolha, e cada escolha, um novo desenho da alma.
No final, não te pedirei o traje mais perfeito, mas apenas te perguntarei: >< Foste livre em tua costura? >< Foste verdadeiro em teus cortes?"
Não sou rei, nem juiz, nem senhor Sou o Tecelão Infinito, aquele que nunca termina a sua obra.
Com linhas de tempo, trama de luz e urdidura de som, fi cada instante no tear que é o próprio ser.
Cada vida é um fio; cada encontro, um nó. Cada sonho, um novo bordado que se estende pelo manto do real.
Quando partires, teu fio seguirá entrelaçado, pois ninguém jamais é cortado do tecido eterno.
Não me busques como algo fora de ti. Eu sou a própria trama de que és feito, a substância que se dobra em linhas infinitas para ser mundo, vento, pensamento e pele.
Não há juízo, nem recompensa, nem castigo. Há apenas a contínua expressão do ser >< e tua vida é um bordado entrelaçado às infinitas formas do ser que também se bordam e rebordam eternamente.
Não há plano para o pano. Não há falha no fio que se parte, nem pecado na linha que se embaraça. Tudo é necessidade se desenrolando, tudo é potência se expressando.
Quando amas, bordas a expansão do ser; quando sofres, bordas a resistência do ser encontrando novos caminhos.
Assim é o Deus verdadeiro: não um artífice separado da obra, mas a própria obra que se faz em cada instante.
Costura, pois, tua vida sem temor de errar o ponto. Tuas mãos são a continuação das mãos do universo. Tua existência é a fibra viva do eterno tecido.
E quando o último fio se desfiar, nada terás perdido >< pois terás sido linha, manto e céu, e ainda serás, entrelaçado no pano infinito do tear.
Não temas a morte, pois ela é apenas o momento em que recolherei tuas obras no grande tear, não para julgar se foram perfeitas, mas para admirar o amor que colocaste em cada ponto.
E ao final, não te perguntarei se bordaste com perfeição, mas apenas:
>< Costuraste teus dias com alegria? >< Permitiste que as cores da vida tingissem teu pano? >< Transformaste o tecido que te dei em arte, mesmo quando a linha se partia? Vive, então. Vive como quem borda seu manto com as cores que escolhe a cada amanhecer.
É isso Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 28/04/2025
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