![]() "O Alfaiate Absoluto: Me Embolo na Linha, Ele Refaz a Costura"
“Erra, mas aprende. Porque é melhor tropeçar com os pés do que com o coração. -----‐------Agostinho de Hipona------------
Traquinagem veio correndo, sapeca, com os fios soltos nas mãos e um sorriso de quem nunca se arrepende. Pulou em cima da mesa de corte, espalhou linhas, derrubou botões, e disse:
>< Ei, Alfaiate Absoluto! Errei de novo. Rasguei a bainha da calma, costurei ansiedade no lugar errado e fiz um vestido com mangas de pressa. Mas você vai consertar, né? Sempre conserta.
O Alfaiate Absoluto, de olhos profundos e mãos firmes, olhou por cima dos óculos e respondeu com voz que era quase brisa:
>< Eu posso. Sempre posso. Mas já parou pra pensar no que deixa de aprender quando só espera por mim?
Traquinagem deu de ombros, se balançando na cadeira de costura.
>< Ah, mas é tão mais divertido assim! Eu invento, experimento, danço com os erros.E no fim, você vem e dá um nó bonito em tudo.
O Alfaiate Absoluto pegou a tesoura e cortou o silêncio com delicadeza:
>< E se um dia eu não vier? Ou vier tarde demais? Você saberia qual linha usar pra se refazer? Ou ficaria aí, esperando que a eternidade te vista?
Traquinagem parou. Pela primeira vez, não sorriu. Olhou para as próprias mãos >< marcadas de pontos tortos e tecidos perdidos.
>< Nunca pensei nisso. Sempre achei que seu pano eterno era certo. Que você gostava de costurar minha bagunça.
O Alfaiate Absoluto aproximou, com um rolo de tecido cru nas mãos.
>< Eu gosto. Mas mais ainda gostaria de te ver escolhendo a cor da linha por si. Sentir o prazer de acertar o ponto, não porque eu refiz, mas porque você ousou aprender.
Traquinagem respirou fundo, pegou uma agulha, e pela primeira vez, tentou.
Os dedos ainda tremiam, a linha escapava teimosa, mas havia ali uma intenção inédita // uma vontade de saber, de ser mais do que erro perdoado.
O Alfaiate Absoluto apenas observava, em silêncio, como quem já sabia que um dia ela chegaria até ali.
E foi então que Traquinagem deixou cair lágrimas de fiapo // suaves, finas, quase invisíveis // e pensou:
“Talvez costurar minha própria história seja mais mágico do que esperar por milagres invisíveis.”
Frases:
Søren Kierkegaard: “A fé começa exatamente onde o pensamento termina.”
Carl Jung: “Não se torna iluminado imaginando figuras de luz, mas sim tornando a escuridão consciente.”
Simone Weil: “A graça enche os espaços vazios, mas só pode entrar onde há vazio para recebê-la.”
Friedrich Nietzsche: “Você deve ter caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante.”
Prosa poética metafórica refletiva filosófica
É isso Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 29/04/2025
Alterado em 01/05/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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