![]() —BORDADO DE TEMPOS (para todas as mulheres que caminham -entre seus retalhos de vida)
Menina, escuta.......
Não tenha pressa de crescer / mas também não tema os anos. A vida não é corrida de chegada, é travessia com vento no rosto e pedra no sapato.
Vai doer, sim. Às vezes você vai amar demais quem não sabe nem ficar. Vai trabalhar até o corpo gritar, vai tentar caber em roupas, em relações, em silêncios. E tudo isso faz parte. Você não tá errada por sentir demais, nem por se calar quando não encontra espaço.
Um dia, lá pelos 40, você vai descobrir que sobreviveu a tudo que achou que ia te quebrar. E não só sobreviveu / floresceu.
Aos 40, a gente já aprendeu que corpo é templo, não vitrine. Que amar é coisa delicada, e que paz não se negocia. Já entendeu que não precisa agradar todo mundo, nem provar nada pra ninguém.
A maternidade (pra quem vive), o trabalho, os amores, os recomeços.....… tudo vem junto como um cesto cheio de roupa limpa e roupa por lavar. A gente lida. E aprende a deixar o sol entrar mesmo nos dias nublados.
A fé muda, sabia? Deixa de ser só pedido e passa a ser presença. Um sinal da cruz no portão, um olhar pro céu antes de dormir. Silêncio também é oração.
E não se espante se aos 40 você se apaixonar por si mesma. Pelo que é, pelo que suportou, pelo que deixou ir. A gente se descobre remendada, mas inteira. Com a alma mais firme do que quando era jovem e não sabia disso.
Agora, se você quiser saber como será mais lá na frente, posso te contar também...
Quando o tempo passar ainda mais, a pressa vira lembrança. A vaidade se transforma em cuidado. E a beleza….... ah, a beleza vira outra coisa. Ela passa a morar no riso solto, no colo que consola, na firmeza de quem já não se perde em promessas.
Você vai olhar pra trás e ver que tudo valeu: o que ficou, o que partiu, o que recomeçou. Vai querer menos espelho e mais vento no rosto. Menos barulho e mais conversa com o coração.
No futuro, menina, você não será só mais uma mulher que viveu / será uma que bordou sua história com linha de verdade.
E vai entender, enfim, que chegar aos 40 é só o começo de ser inteira.
Com ternura e verdade, Uma mulher que já atravessou algumas tempestades e ainda dança com o vento....
Quando você chegar aos 50
Aos 50, menina, o corpo já não grita / ele sussurra. E se você escutar com carinho, ele ainda te leva longe. A libido muda de lugar, mas não some. Ela veste novos gestos, novos desejos, novas vontades / mais inteiras, mais suas.
Você já não quer mais metade de nada. Nem de amor, nem de presença. Aprende a gostar da própria companhia como quem descobre música antiga que sempre esteve ali.
Os filhos, se vieram, já estão voando ou ensaiando voo. Os sonhos, se ficaram pra depois, começam a bater na porta como lembretes gentis: ainda dá tempo.
E o tempo, ah….... ele não é mais inimigo. Aos 50, você aprende que o tempo é costureiro: alinhava dores, desmancha pressa, remenda fé. E se você permitir, ele te veste com serenidade / essa roupa que nenhuma juventude ousa copiar.
Você se olha no espelho e, mesmo com rugas, se reconhece mais bonita. Porque a beleza agora tem raiz / e cheiro de quem se plantou inteira......
Quando você chegar aos 70
Aos 70, menina, você não é mais só mulher. Você é memória viva, guardiã de histórias, conselheira dos ventos.
O corpo talvez peça mais descanso, mas o olhar…..... ah, o olhar dança como quem viu tudo e ainda acredita.
Você já não se preocupa em agradar. Já entendeu que algumas perdas vieram como livramentos, e que a saudade é visita que se aprende a acolher sem tristeza.
Aos 70, o tempo ganha outro compasso. Os dias não correm / eles caminham com você, ao seu ritmo. E cada manhã é celebração.
Você reza baixinho. Agradece. Oferece colo, chá, silêncio. Ensina sem dizer. É presença que consola, sabedoria que chega sem livro.
E se alguém perguntar o segredo, talvez você sorria e diga:
—> Foi amar. Mesmo sem saber. Foi insistir. Mesmo cansada. Foi dançar, mesmo no escuro.
Porque aos 70, menina, você se torna a loba que observa do alto da montanha, a anciã que sabe o tempo de calar e o tempo de guiar.
E aí, enfim, você entende: ser mulher é rito, é travessia, é reza bordada no pano da existência.....
Moral da história (versão ampliada):
A sociedade vende moldes estreitos demais. Moldes que apertam a alma e descartam corpos quando as marcas do tempo aparecem. O novo é exaltado como se fosse sinônimo de valor, e o velho….... o velho é silenciado com vaias que nem sempre têm som, mas doem fundo.
É um preconceito disfarçado de elogio forçado: >< “Você nem parece ter essa idade!” Como se parecer fosse ofensa.
O etarismo é uma raiva coletiva bem-educada. Sutil, mas cruel. É a porta que se fecha na entrevista de emprego. É o amor que não te oferecem porque acham que você “já teve sua chance”. É a solidão que vem não da idade, mas do esquecimento social.
As vaias são altas, ainda que não se ouçam. Estão nos olhares que medem rugas como falhas. Nos anúncios que só mostram juventude. Nos sorrisos que soam pena quando alguém com mais de 60 ousa recomeçar.
Mas a verdade é que o tempo não rouba / ele revela. E quem tem coragem de envelhecer com presença, de amar com marcas, de trabalhar com sabedoria, desafia o sistema que tenta apagar histórias vividas.
Porque não há nada mais revolucionário do que uma mulher madura que se recusa a desaparecer.
Ela é farol. É raiz. É resistência bordada no rosto.....
"A leitura é guiada pelo olhar subjetivo de quem lê, sendo interpretada de formas diversas conforme suas crenças, limitações e experiências. Por isso, um mesmo texto pode conter múltiplos significados."
Tem o coração da prosa poética (sensível, simbólica, ritmada),
A intimidade da crônica (fala da vida comum com beleza),
E o pensamento de um ensaio filosófico (traz reflexões sobre o tempo, o eu, a fé, o corpo)...
Observação: Se preferirem, visitem o site do escritor. Lá, os textos estão carinhosamente formatados, com fundo musical para acompanhar a leitura..... Podem também deixar um recadinho no livro de visitas / vou ler com muito carinho.....
É isso…
Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 14/05/2025
Alterado em 14/05/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |