Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Textos


ENTRE LINHAS E LAÇOS ( alfinetes entre afetos e liberdadee tradição)

 

"Pontos Soltos" (entre costura e monogamia, poligamia, e monogamia ética)

 

Outro dia, lendo Simone de Beauvoir com a cabeça enckostada na janela, pensei: talvez o amor precise mais de asas do que de promessas. Ela e Sartre nunca se pertenceram / e, por isso mesmo, talvez tenham se amado com mais clareza. Não havia costuras apertadas entre os dois, apenas linhas frouxas, reatadas com o tempo. Se amar é permitir que o outro seja, então que tipo de agulha sustenta esse tecido?

Simone, como manter o vínculo sem prender quem amamos nos moldes do nosso desejo?

 

Foucault diria que o amor também está costurado à máquina do poder. Os pontos invisíveis da norma social bordam no desejo um molde apertado, que pouco tem a ver com espontaneidade. O amor livre, nesse sentido, não é novo / apenas descosturado das regras.

Foucault, como desmanchar essas costuras sem que a trama da relação se perca por completo?

 

Judith Butler sussurra que tudo é performance: o gênero, o amor, até o ciúme talvez. Se o amor é uma peça que vestimos, por que insistimos sempre no mesmo modelo? A não-monogamia talvez seja como um tecido fluido: menos rígido, mais dançante.

Judith, como reinventar os padrões sem cair em novos figurinos engessados?

 

Bell Hooks, com sua voz quente e precisa, nos lembra que o amor exige mais que intenção / pede ação, presença, escuta. Amar mais de uma pessoa pode ser como bordar à mão: leva tempo, atenção, e cada ponto é único. Mas será que estamos prontos para costurar com tanto cuidado?

Bell, como fazer do amor ético uma prática diária, sem nos perder na pressa dos afetos modernos?

 

Christopher Ryan e Cacilda Jethá voltam às origens e desfazem o mito de que fomos feitos para o encaixe único. Talvez o desejo seja um tecido elástico: não se rasga por ser esticado, só quando mal costurado.

Christopher e Cacilda, como lidar com o desejo como parte natural da trama sem que isso descosture a confiança?

 

Brigitte Vasallo, com sua agulha firme, costura ideias sobre a ética da liberdade. Não se trata de amar sem regras, mas de costurar novas regras com o outro / ponto a ponto, olho no olho. A não-monogamia, para ela, não é um corte radical, mas um ajuste mais justo.

Brigitte, como bordar vínculos em que a liberdade não fira, mas sustente?

 

No fim, talvez não seja sobre abrir relacionamentos, mas sobre soltar alguns pontos e reaprender a costurar. O amor, como um tecido bem cuidado, pode suportar novas formas, novos encaixes. E se o amor não for um molde fixo, mas uma colcha de retalhos em constante construção?

 

Simone de Beauvoir

 

Favorável, na prática e na reflexão.

Ela e Sartre viveram um relacionamento aberto, com acordos personalizados. Beauvoir acreditava na liberdade individual e na autonomia dentro dos vínculos, embora reconhecesse os desafios éticos disso.

Não defendeu abertamente a não-monogamia como um sistema para todos, mas viveu e escreveu de forma a questionar a monogamia tradicional.

 

 Michel Foucault

 

Crítico das normas e estruturas sociais, inclusive da monogamia.

Foucault não escreveu diretamente sobre não-monogamia como um modelo relacional, mas sua análise sobre como o poder regula os corpos e os desejos aponta para uma crítica da obrigatoriedade da monogamia.

Ele desconstrói a “norma”, não necessariamente propõe um modelo.

 

 Judith Butler

 

Crítica da heteronormatividade e das estruturas fixas.

Butler não escreve especificamente sobre relacionamentos abertos, mas seus conceitos sobre performatividade de gênero e de identidades afetivas abrem espaço para modelos não normativos de amor, como a não-monogamia.

Favorável à ideia de vínculos afetivos plurais e flexíveis, desde que éticos.

 

Bell Hooks

 

Fala pouco sobre não-monogamia diretamente, mas enfatiza o amor como escolha ética e consciente.

Ela valorizava o amor radical e a responsabilidade emocional. Seu foco está mais na qualidade do vínculo do que na forma.

Não defende a não-monogamia, mas também não a condena, desde que o amor seja praticado com integridade e respeito mútuo.

 

Christopher Ryan e Cacilda Jethá

Claramente favoráveis.

 

Autores do livro Sexo no Amanhecer, eles argumentam que os seres humanos, do ponto de vista evolutivo, não foram biologicamente moldados para a monogamia exclusiva. Defendem a não-monogamia como uma possibilidade natural e válida.

São dos maiores defensores contemporâneos da não-monogamia, com base científica.

 

 Brigitte Vasallo

 

Totalmente favorável.

É uma das autoras mais importantes da atualidade sobre não-monogamia ética e política. Critica a monogamia como estrutura de poder, desigualdade e possessividade.

Ela propõe a não-monogamia como prática ética, não apenas como desejo ou estilo de vida.

 

Resumo em uma linha:

 

Favoráveis ou viveram na prática: Simone, Ryan & Jethá, Vasallo.

 

Críticos da monogamia normativa: Foucault, Butler, Bell Hooks.

 

Todos abrem caminhos para

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Poligamia

 

Etimologia: poly (vários) + gamos (casamento).

Tipos:

 

Poliginia / um homem com várias esposas (mais comum historicamente).

 

Poliandria / uma mulher com vários maridos (muito raro).

 

Características:

 

Geralmente institucionalizada, com regras culturais ou religiosas.

 

Associada a estruturas tradicionais ou patriarcais, principalmente em sociedades onde a poliginia é aceita legalmente ou religiosamente (como em algumas culturas islâmicas, africanas ou asiáticas).

 

Muitas vezes não baseada em igualdade entre os cônjuges.

 

Como difere da não-monogamia ética?

 

Não-monogamia ética (ou consensual):

 

Inclui vários tipos de relação, como relacionamentos abertos, poliamor, anarquia relacional, etc.

 

Não envolve necessariamente casamento múltiplo.

 

Baseada em transparência, consentimento, igualdade e ética.

 

Questiona os papéis tradicionais de posse e exclusividade afetiva.

 

Exemplo prático:

 

Um homem com 3 esposas em um casamento tradicional = poligamia.

 

Três pessoas em um triângulo amoroso equilibrado, onde todos consentem, se amam e se comunicam abertamente = poliamor (forma de não-monogamia ética).

 

E os autores que citamos

 

Nenhum deles defende poligamia tradicional.

O que defendem ou exploram é a liberdade de formas relacionais, mais próximas do poliamor e da não-monogamia ética.

 

Moral da história:

 

A monogamia possa não  uma verdade absoluta, mas uma construção histórica, social e muitas vezes sustentada por poderes tradicionais / religiosos, jurídicos e culturais / que exigem um único modelo de vínculo afetivo para manter a ordem e o controle.

 

Autoras e autores como Beauvoir, Foucault, Butler, Hooks, Ryan & Jethá e Vasallo não ditam regras sobre como devemos nos relacionar, mas nos convidam a refletir sobre a liberdade de escolha, a desconstrução das normas e a possibilidade de amar sem aprisionar.

 

A ética relacional não está na quantidade de parceiros, mas na qualidade dos vínculos: honestidade, consentimento, responsabilidade emocional e respeito à autonomia de todos os envolvidos.

 

A verdadeira revolução não está em abandonar a monogamia, mas em deixar de segui-la por obrigação. Amar de forma consciente / seja em um ou em muitos laços / é o que subverte o sistema que tenta nos dizer o que é certo sentir...

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Crônica ensaística de base filosófico-sociológica

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"A leitura é guiada pelo olhar subjetivo de quem lê, sendo interpretada de formas diversas conforme suas crenças, limitações e experiências. Por isso, um mesmo texto pode conter múltiplos significados."

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Neste espaço não há certezas de pedra, nem verdades afiadas.

Não se defende nem se ataca. Aqui, tudo é tecido com palavras que perguntam.

Entre costuras poéticas, reflexões sociais, afetos líquidos e silêncios sagrados, a escrita é mais ESPELHO do que BANDEIRA.

 

Falo de tudo, mas não aponto.

Escuto a vida e a bordo / com linha fina, ponto invisível e coração aberto.

Se você chegou até aqui, respire fundo.

Desarme-se.

E sinta.

 

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Isso que foi escrito não é doutrina, nem verdade encerrada. 

É apenas um ponto de vista entre tantos  talvez atemporal, ou ilusório.

Perfil da página aborda todos os assuntos ( sem pautas de defesas)

 

Essa escrita não liberta nem prende, cada ser humano é livre para fazer escolhas.

Mas apenas propõe  uma costura entre dentro e fora

Verdade?

Pergunta?

Escolha? 

Imposição?

 

É isso

Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 30/05/2025
Alterado em 30/05/2025
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