![]() ENTRE LINHAS E LAÇOS ( alfinetes entre afetos e liberdadee tradição)
"Pontos Soltos" (entre costura e monogamia, poligamia, e monogamia ética)
Outro dia, lendo Simone de Beauvoir com a cabeça enckostada na janela, pensei: talvez o amor precise mais de asas do que de promessas. Ela e Sartre nunca se pertenceram / e, por isso mesmo, talvez tenham se amado com mais clareza. Não havia costuras apertadas entre os dois, apenas linhas frouxas, reatadas com o tempo. Se amar é permitir que o outro seja, então que tipo de agulha sustenta esse tecido? Simone, como manter o vínculo sem prender quem amamos nos moldes do nosso desejo?
Foucault diria que o amor também está costurado à máquina do poder. Os pontos invisíveis da norma social bordam no desejo um molde apertado, que pouco tem a ver com espontaneidade. O amor livre, nesse sentido, não é novo / apenas descosturado das regras. Foucault, como desmanchar essas costuras sem que a trama da relação se perca por completo?
Judith Butler sussurra que tudo é performance: o gênero, o amor, até o ciúme talvez. Se o amor é uma peça que vestimos, por que insistimos sempre no mesmo modelo? A não-monogamia talvez seja como um tecido fluido: menos rígido, mais dançante. Judith, como reinventar os padrões sem cair em novos figurinos engessados?
Bell Hooks, com sua voz quente e precisa, nos lembra que o amor exige mais que intenção / pede ação, presença, escuta. Amar mais de uma pessoa pode ser como bordar à mão: leva tempo, atenção, e cada ponto é único. Mas será que estamos prontos para costurar com tanto cuidado? Bell, como fazer do amor ético uma prática diária, sem nos perder na pressa dos afetos modernos?
Christopher Ryan e Cacilda Jethá voltam às origens e desfazem o mito de que fomos feitos para o encaixe único. Talvez o desejo seja um tecido elástico: não se rasga por ser esticado, só quando mal costurado. Christopher e Cacilda, como lidar com o desejo como parte natural da trama sem que isso descosture a confiança?
Brigitte Vasallo, com sua agulha firme, costura ideias sobre a ética da liberdade. Não se trata de amar sem regras, mas de costurar novas regras com o outro / ponto a ponto, olho no olho. A não-monogamia, para ela, não é um corte radical, mas um ajuste mais justo. Brigitte, como bordar vínculos em que a liberdade não fira, mas sustente?
No fim, talvez não seja sobre abrir relacionamentos, mas sobre soltar alguns pontos e reaprender a costurar. O amor, como um tecido bem cuidado, pode suportar novas formas, novos encaixes. E se o amor não for um molde fixo, mas uma colcha de retalhos em constante construção?
Simone de Beauvoir
Favorável, na prática e na reflexão. Ela e Sartre viveram um relacionamento aberto, com acordos personalizados. Beauvoir acreditava na liberdade individual e na autonomia dentro dos vínculos, embora reconhecesse os desafios éticos disso. Não defendeu abertamente a não-monogamia como um sistema para todos, mas viveu e escreveu de forma a questionar a monogamia tradicional.
Michel Foucault
Crítico das normas e estruturas sociais, inclusive da monogamia. Foucault não escreveu diretamente sobre não-monogamia como um modelo relacional, mas sua análise sobre como o poder regula os corpos e os desejos aponta para uma crítica da obrigatoriedade da monogamia. Ele desconstrói a “norma”, não necessariamente propõe um modelo.
Judith Butler
Crítica da heteronormatividade e das estruturas fixas. Butler não escreve especificamente sobre relacionamentos abertos, mas seus conceitos sobre performatividade de gênero e de identidades afetivas abrem espaço para modelos não normativos de amor, como a não-monogamia. Favorável à ideia de vínculos afetivos plurais e flexíveis, desde que éticos.
Bell Hooks
Fala pouco sobre não-monogamia diretamente, mas enfatiza o amor como escolha ética e consciente. Ela valorizava o amor radical e a responsabilidade emocional. Seu foco está mais na qualidade do vínculo do que na forma. Não defende a não-monogamia, mas também não a condena, desde que o amor seja praticado com integridade e respeito mútuo.
Christopher Ryan e Cacilda Jethá Claramente favoráveis.
Autores do livro Sexo no Amanhecer, eles argumentam que os seres humanos, do ponto de vista evolutivo, não foram biologicamente moldados para a monogamia exclusiva. Defendem a não-monogamia como uma possibilidade natural e válida. São dos maiores defensores contemporâneos da não-monogamia, com base científica.
Brigitte Vasallo
Totalmente favorável. É uma das autoras mais importantes da atualidade sobre não-monogamia ética e política. Critica a monogamia como estrutura de poder, desigualdade e possessividade. Ela propõe a não-monogamia como prática ética, não apenas como desejo ou estilo de vida.
Resumo em uma linha:
Favoráveis ou viveram na prática: Simone, Ryan & Jethá, Vasallo.
Críticos da monogamia normativa: Foucault, Butler, Bell Hooks.
Todos abrem caminhos para ________________________________________ Poligamia
Etimologia: poly (vários) + gamos (casamento). Tipos:
Poliginia / um homem com várias esposas (mais comum historicamente).
Poliandria / uma mulher com vários maridos (muito raro).
Características:
Geralmente institucionalizada, com regras culturais ou religiosas.
Associada a estruturas tradicionais ou patriarcais, principalmente em sociedades onde a poliginia é aceita legalmente ou religiosamente (como em algumas culturas islâmicas, africanas ou asiáticas).
Muitas vezes não baseada em igualdade entre os cônjuges.
Como difere da não-monogamia ética?
Não-monogamia ética (ou consensual):
Inclui vários tipos de relação, como relacionamentos abertos, poliamor, anarquia relacional, etc.
Não envolve necessariamente casamento múltiplo.
Baseada em transparência, consentimento, igualdade e ética.
Questiona os papéis tradicionais de posse e exclusividade afetiva.
Exemplo prático:
Um homem com 3 esposas em um casamento tradicional = poligamia.
Três pessoas em um triângulo amoroso equilibrado, onde todos consentem, se amam e se comunicam abertamente = poliamor (forma de não-monogamia ética).
E os autores que citamos
Nenhum deles defende poligamia tradicional. O que defendem ou exploram é a liberdade de formas relacionais, mais próximas do poliamor e da não-monogamia ética.
Moral da história:
A monogamia possa não uma verdade absoluta, mas uma construção histórica, social e muitas vezes sustentada por poderes tradicionais / religiosos, jurídicos e culturais / que exigem um único modelo de vínculo afetivo para manter a ordem e o controle.
Autoras e autores como Beauvoir, Foucault, Butler, Hooks, Ryan & Jethá e Vasallo não ditam regras sobre como devemos nos relacionar, mas nos convidam a refletir sobre a liberdade de escolha, a desconstrução das normas e a possibilidade de amar sem aprisionar.
A ética relacional não está na quantidade de parceiros, mas na qualidade dos vínculos: honestidade, consentimento, responsabilidade emocional e respeito à autonomia de todos os envolvidos.
A verdadeira revolução não está em abandonar a monogamia, mas em deixar de segui-la por obrigação. Amar de forma consciente / seja em um ou em muitos laços / é o que subverte o sistema que tenta nos dizer o que é certo sentir... ________________________________________ Crônica ensaística de base filosófico-sociológica ________________________________________
"A leitura é guiada pelo olhar subjetivo de quem lê, sendo interpretada de formas diversas conforme suas crenças, limitações e experiências. Por isso, um mesmo texto pode conter múltiplos significados." ________________________________________
Neste espaço não há certezas de pedra, nem verdades afiadas. Não se defende nem se ataca. Aqui, tudo é tecido com palavras que perguntam. Entre costuras poéticas, reflexões sociais, afetos líquidos e silêncios sagrados, a escrita é mais ESPELHO do que BANDEIRA.
Falo de tudo, mas não aponto. Escuto a vida e a bordo / com linha fina, ponto invisível e coração aberto. Se você chegou até aqui, respire fundo. Desarme-se. E sinta.
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Isso que foi escrito não é doutrina, nem verdade encerrada. É apenas um ponto de vista entre tantos talvez atemporal, ou ilusório. Perfil da página aborda todos os assuntos ( sem pautas de defesas)
Essa escrita não liberta nem prende, cada ser humano é livre para fazer escolhas. Mas apenas propõe uma costura entre dentro e fora Verdade? Pergunta? Escolha? Imposição?
É isso Elixandra ( costura pensamento)
Enviado por Elixandra ( costura pensamento) em 30/05/2025
Alterado em 30/05/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |