![]() ARRAIAL DO DESEJO E DO PENSAMENTO: Um Tear Filosófico no Dia dos Namorados/Um bordado que começa no cangote e termina no pensamento [parte 01]
Na fogueira acesa dos corpos e das ideias, dançam os filósofos e filosofas sob o céu estrelado de junho, com trajes de chita e xadrez, enfeitados de azeite essencial e cheiro de cangote com incenso queimando devagar, como o tempo que aquece o amor....
🔸 Nietzsche gira com os olhos faiscantes, segurando firme a mão de Safo, e murmura ao pé do cangote : "Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal." Ela sorri, com os pés descalços na terra quente, e responde: "Entre os mortais, não há coisa mais doce do que o amor."
🔸 Simone de Beauvoir puxa Sartre para a roda e, com o lenço vermelho preso no cabelo, provoca: "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher." Sartre, todo torto no passo, mas firme na convicção, rebate: "O importante não é o que fazem de nós, mas o que fazemos com o que fazem de nós."
🔸 Epicuro, de chapéu de palha e um copo de vinho na mão, sussurra no pé do cangote de Diotima: "O prazer é o princípio e o fim da vida feliz." E ela, com perfume de sândalo e um olhar que atravessa o tempo, sorri: "O amor é o desejo de possuir o bem para sempre."
🔸 Platão, sob uma barraca de fogos filosóficos, olha para Hypatia dançando e exclama: "O amor é a busca pela metade perdida." Ela gira, com saias coloridas e voz de brisa, e devolve: "Defende teu direito de pensar, mesmo pensar errado é melhor do que não pensar."
🔸 Heráclito, envolto em fumaça de incenso, dança sozinho no compasso das brasas: "Nenhum homem entra duas vezes no mesmo rio." Mas Clarice Lispector, vestida de cetim azul, aproxima-se e sopra no ouvido dele: "O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós."
E assim segue o baile: fogueira de ideias, suor no cangote e de corpos , forró de pensamentos, e cada par, um conceito em combustão.
Porque hoje, no Dia dos Namorados, o amor se filosofou , em ritmo de um cangote.... E no meio da roça do mundo, a quadrilha é existencial sensual, reflexiva, viva....
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Arraial do Desejo e do Pensamento / Parte II: Amor, Medo e Entrega
A noite segue madura como fruta colhida no instante certo. A fogueira arde como os corpos em festa, e a brisa da alma sopra incenso e promessas. A trilha sonora é um forró metafísico, onde o pensamento se embriaga de desejo, por um cangote e a dança é um ato de entrega.
🔸 Fernando Pessoa, de paletó leve e olhar perdido no céu de bandeirolas, dança com várias versões de si mesmo. Com Álvaro de Campos, gira dizendo: "Todas as cartas de amor são ridículas. Mas só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor são ridículas." Com Ricardo Reis, sussurra: "Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui." E com Bernardo Soares, desliza devagar, dizendo: "A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo."
🔸 Camus segura a mão de Hannah Arendt no meio do salão. Ambos têm o olhar intenso de quem já enfrentou o abismo. Camus sorri e diz: "Amar é não ser amado, é dar-se sem garantias." Arendt responde, com voz firme: "O amor é o único modo de escapar da banalidade do mal / e da solidão do pensamento."
🔸 Heidegger dança com Simone Weil, ambos com passos contidos, mas olhos em brasa. Ele sussurra: "O homem é um ser para a morte." Ela responde, com a leveza de quem já entregou tudo: *"Amar é consentir em estar vulnerável."
🔸 Carl Jung, com lenço roxo no bolso e cheiro de mirra, convida Lou Andreas-Salomé: "Conheça todas as teorias. Domine todas as técnicas. Mas, ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana." Ela responde, olhando fundo: *"O amor não é possuído, é vivido. E às vezes, é renúncia."
🔸 Em um canto, Krishnamurti dança sozinho, de olhos fechados, sorriso calmo no rosto: "Só quem é feliz sozinho é capaz de partilhar felicidade." E completa, ao girar sobre os próprios pés: *"No momento em que você começa a se ver como parte do outro, nasce o medo. Amar é não ter medo de perder."
🔸 Jean-Paul Sartre, de mãos dadas com Frida Kahlo (aqui filosofando com tintas e feridas), observa: "O inferno são os outros." Frida sorri com dor e doçura: *"Mas também são o céu, quando se ama de verdade."
🔸 Michel Foucault, dançando com Clarice Lispector, está desarmado, vulnerável, mas firme: "O corpo é o lugar da verdade." Clarice gira e costura: "Liberdade é pouco. O que eu quero ainda não tem nome."
🔸 Roland Barthes baila com Helena Blavatsky, misturando filosofia e misticismo: "O amor é uma linguagem secreta. Quem não sabe ouvir o silêncio, jamais entenderá o que é ser amado."
🔸 E no fim da quadrilha, com passos lentos e olhar que não finge, Epicuro e Hypatia param diante da fogueira e, como oferenda, dizem juntos: *"Amar é encontrar paz no tumulto." "E desejar é acender o universo dentro do peito."
O arraial segue madrugada adentro, onde o amor é pensado, o desejo é dançado e a entrega é celebrada como o maior dos atos de coragem em desejo de um cangote.
Porque amar, neste mundo e em qualquer outro, é filosofar com o corpo em festa.... ________________________________________ Arraial do Desejo e do Pensamento Parte III: Amor sem Moralismo, Diversidade e Corações de Milho Verde
A sanfona geme, os balões acendem o céu e o cheiro de cangote e de pamonha se mistura ao perfume de alfazema e suor de quem dança até esquecer o nome.....
Debaixo da barraca do beijo, entre bandeirolas coloridas, filósofos e filosofas trocam mais do que palavras: trocam visões, toques, coragem e verdades difíceis de engolir / como cachaça boa e cangote suado.
🔸 Judith Butler, com vestido de chita bordado à mão e um chapéu florido, dança com Michel Foucault, de camisa aberta e lenço vermelho no pescoço. Ela diz: "O gênero é uma performance. O amor também." Ele ri, e responde: "A sexualidade não precisa de moral, precisa de liberdade e escuta."
🔸 Angela Davis, de saia rodada e colar de sementes do cerrado, gira com Paulo Freire, que dança de pé no chão e coração descalço: "O amor é um ato de resistência." / diz Angela. "E ensinar a amar é o mais profundo gesto revolucionário." / responde Paulo, entre um passo e outro no xote da justiça.
🔸 Simone de Beauvoir, agora dançando com Monique Wittig, ergue a voz contra as regras antigas: "O casamento tradicional é um instrumento de dominação." Wittig completa, com um riso malicioso: "Ser lésbica é escapar das categorias do patriarcado."
🔸 No terreiro iluminado, Oscar Wilde aparece vestido de caipira elegante, com colete dourado e flor de laranjeira na lapela. Ele convida Jean Genet, ambos de mãos dadas e olhar provocador: "O amor que não ousa dizer seu nome é o mais verdadeiro." diz Wilde. "O corpo marginalizado é também um templo de prazer e beleza." / sussurra Genet.
🔸 Bertolt Brecht, com palha nos sapatos e olhar irônico, dança com Marilena Chauí, e juntos desafiam os padrões: "O amor deve ser político: romper com o conformismo é sensual." / ele dispara. Ela, com voz firme, arremata: *"O preconceito é uma forma preguiçosa de pensar. Amar é trabalho e invenção."
🔸 Sob a árvore de ipê amarelo enfeitada com fitas, Spinoza, calmo como um luar no mato, dança com Bell Hooks, e ele diz: "Tudo que é feito por amor se faz além do bem e do mal moral." Bell responde: *"O amor é um ato de vontade: é escolha e ação contra o preconceito."
🔸 Nietzsche, agora dançando forró com Santa Teresa d’Ávila (por que não?), gira e grita: "A moral dos fracos teme o desejo!" Ela ri, com olhos de êxtase: "A alma que ama não precisa de permissão. Deus é desejo em fogo sagrado."
🔸 No canto, com uma espiga de milho na mão e o rosto tranquilo, Epicteto dança com ninguém. E quando perguntam por quê, ele diz: "Antes de amar alguém, aprenda a não depender de ninguém. Só quem se basta pode amar sem medo."
O cheiro de quentão sobe e de cangote. As estrelas parecem se curvar diante da quadrilha filosófica. Cada coração, um pensamento. Cada passo, uma transgressão amorosa. E no centro do arraial, um cartaz bordado com linha dourada:
> “Neste terreiro, só não dança quem julga o amor do outro.” ________________________________________
🎇 Entrada dos Santos Pensantes no Terreiro do Amor e cangote 🎇 parte 04
No céu, uma estrela cadente risca um “amém” no escuro. A fogueira estala e, entre o cheiro de milho assado e incenso de mirra, surgem dois homens de batina adaptada ao calor da roça. Mas suas danças são menos litúrgicas do que parecem.
🔸 Santo Agostinho, com paletó de linho cru e folhas de hortelã no bolso, gira devagar, contemplativo. Seus olhos estão nos pares, mas seu pensamento dança entre a fé e o cangote perdido:
> “Senhor, dai-me castidade e continência….. mas não agora.”
Ele olha o céu e sussurra, entre goles de vinho doce:
> “Desisti do cangote, é verdade... Mas ainda sonho com ele, e acordo com gosto de hortelã na língua — como quem comunga desejo.”
🔸 Santo Tomás de Aquino, de sandálias de couro e chapéu de palha coberto com penas de galinha, segura um terço feito de sementes. Ele confessa:
> “Hoje já me confessei catorze vezes. Uma por cada pensamento impuro. E a última..... foi só por ter saudade do cheiro da carne no fogo; e de cangote cheiroso.”
De olhos arregalados, olha a fogueira como quem encara o próprio inferno.
> “Temi cair no abismo. Por causa do cangote..... Mas havia pamonha e olhos brilhando. E senti Deus ali também, no desejo. Talvez — pensei — o Espírito Santo também dance quadrilha.”
E assim, no coração da festa, os antigos doutores da fé dançam com as dúvidas, com o corpo e com a eternidade. Porque até os que estudaram o céu sentem o calor do chão e lembranças de um cangote....
🌾 Entra no terreiro São João da Cruz, com olhar extasiado, pés descalços e a alma dançando antes do corpo.
Ele passa pelas barracas sentindo o cheiro de canela cangote e trevas.
> “O amor divino arde tanto quanto o humano / e às vezes se confundem.”
Ao lado dele, surge Santa Hildegarda de Bingen, com vestido feito de folhas de manjericão, lavanda e visões:
> “Meu corpo canta quando a alma queima.”
Dançam juntos, e seus passos desenham mandalas no chão de terra batida.
🌽 Sentado perto da barraca do beijo, Søren Kierkegaard, vestido de preto e com medo de errar os passos, suspira:
> “Amar é arriscar-se à angústia. Mas recusar o amor é recusar o existir.”
Uma moça o convida pra dançar. Ele recua, mas sorri como quem tropeça e gosta....
No fim da quadrilha, o padre é Dionísio, com véu de vinho e grinalda de fogos, e cheiro de carne, misturado com cangote.
Ele anuncia:
> “Nesta festa não há pecado onde há verdade. Nem vergonha onde há entrega. E todo amor que dança merece respeito / mesmo os que tropeçam no meio do passo.”
A multidão grita “viva!”, e todos dançam juntos: santos, poetas, filósofas, corpos sozinhos, amores ousados, amores calados / todos com cheiro de milho, saudade e gozo no ar.
🌾 Moral da História:
No Arraial do Pensamento,e cangote a dança não é apenas com os pés, mas com a alma. A fogueira aquece corpo e espírito, e os passos / ora tortos, ora intensos / revelam que o amor, o medo, o desejo e a fé pertencem a todos nós. Ninguém está imune à carne, nem ao céu. Entre , catuaba e incenso, e saudade de carne, descobre-se que o humano é feito de contradições / e nelas também mora a beleza.
📜 Ao leitor:
Este texto não é uma sátira nem um deboche..... É um exercício de imaginação poética e liberdade filosófica. Aqui, não se falta com respeito à fé, à moral ou à tradição / muito pelo contrário.....
Sou bacharel em Filosofia e dedico minha vida a estudar cada um desses ser humano aqui apresentados, e também sou livre para construir um pensamento que una razão, fé e sensibilidade espiritual à minha maneira, sem moldes prontos. Este arraial é simbólico: mistura pensamento crítico com humor sensível, espiritualidade com desejo, sabedoria com cheiro de roça.
Nada aqui pretende ofender. Não é doutrina. É liberdade. Não é zombaria. É poesia. Não é escárnio. É ternura por todos os que já dançaram com o medo de amar.
É uma celebração da liberdade de ser / e de escolher quem queremos ser, com consciência e dignidade.
Não escrevo para desrespeitar, mas para lembrar que todos nós somos feitos da mesma carne: com vontades, com quedas, com fé, com medo, com coragem e contradição. Cada pensador, cada santa, cada poeta que aqui apareceu dançando, representa o que somos: sujeitos em luta com o próprio chamado.
> Alguns buscam a castidade, outros a entrega. Alguns seguem a razão, outros ouvem a alma. Alguns dançam sozinhos, outros se jogam nos braços do outro, e no cangote de corpo e alma. Mas todos / sem exceção / sentem, desejam, pensam e duvidam.
Neste arraial simbólico, ninguém é superior a ninguém. Todos estão aqui como figuras humanas / sábias, frágeis, sensuais, espirituais. E isso é sagrado. Se você, leitor ou leitora, chegar com mente e coração abertos, verá que:
> Cada frase é um convite à reflexão, cada personagem é uma parte da nossa própria humanidade.
E se sorrir no meio do caminho / que bom. Porque rir também é filosofia.
🌽 Recomendação:
Leia este texto como quem caminha descalço no terreiro: sentindo a terra, o calor, o perfume e o som / com respeito, com leveza e, acima de tudo, com liberdade. Pois onde há liberdade de pensamento, há festa. E onde há festa...... há vida...... há um cangote cheiroso
poesia performática filosófica, encenada, através de personagens simbólicos,com alma de cordel nordestina, mais universal e contemporânea, costurando erudição com cultura popular...Mistura crítica social, liberdade de expressão, razão, espiritualidade, corpo, afeto e humor.
É isso.... Elixandra(costura pensamento filosófico)
Enviado por Elixandra(costura pensamento filosófico) em 12/06/2025
Alterado em 12/06/2025 Copyright © 2025. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |