Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Textos


A Palavra Que Foi Enjaulada

 

A palavra foi enjaulada no cárcere do conceito / perdeu o fôlego do mistério pra caber na medida da razão.

 

A linguagem nasceu nua, dançava ao redor do fogo, fazia som antes do sentido, gesto antes da gramática. Era corpo, era cheiro, era tremor. Antes de ser conceito, era canto. Mas em algum momento da história, vieram os filósofos. E com eles, a palavra teve que se sentar reta à mesa, vestir toga e prestar contas.

Você já sentiu que certas palavras perdem a alma quando explicadas demais?

 

Sócrates, com seu método de perguntas, queria descobrir o que era a justiça, a coragem, a bondade etc / como se pudessem caber em uma única definição. Mas e se a coragem de um pescador não couber na coragem de uma mãe enterra seu filho? E se o amor de um jovem nao for o mesmo do idoso por sua companheira. E se a justiça de um povo não for a mesma de outro tempo?

Será que definir é sempre compreender, ou às vezes é matar o movimento da coisa?

 

Platão deu um passo além: disse que o mundo verdadeiro estava nas Ideias, perfeitas, eternas, intocáveis. O que vemos? Apenas sombras. Então a linguagem virou um eco / e o mundo, um teatro mal iluminado.

Quantas vezes você sentiu que suas palavras não davam conta da experiência que viveu?

 

Aristóteles quis ordem: criou categorias, lógica, silogismos. A linguagem virou instrumento, um bisturi para separar, classificar, rotular. Funciona bem na ciência, claro. Mas quando o amor se apresenta, com sua bagunça doce e suas contradições, o que fazemos com as categorias?

Você já tentou explicar um sentimento e percebeu que, ao explicar, ele escorria pelos dedos?

 

Essa tradição nos trouxe a clareza. Trouxe a ciência, a ética, a política. Mas também pode ter nos custado a fluidez. A linguagem deixou de ser rio e virou régua.

Será que às vezes não precisamos menos de definições e mais de silêncio, metáfora e dança?

 

Nietzsche acusou Sócrates de matar a música do pensamento. Heidegger lamentou que a linguagem tenha esquecido o Ser. E poetas ainda hoje tentam libertar a palavra da prisão do conceito.

Será que a filosofia, em nome da verdade, nos afastou da beleza do mistério?

 

No fim, talvez devêssemos perguntar não apenas “o que é a linguagem?”, mas “como ela quer ser?” Talvez ela não queira ser resposta, mas caminho. Talvez não queira ser fixa, mas pulsante.

Você consegue ouvir a linguagem antes do verbo? Sentir a palavra antes da ideia?

 

Conclusão (resumo da ideia e introspecção ensaiatica):

 

 Tradição Socrática, Platônica e Aristotélica: o que ela fez com a linguagem?

 

A tríade Sócrates / Platão / Aristóteles formou a base do pensamento ocidental, e trouxe grandes contribuições, mas também alguns limites e efeitos colaterais para a linguagem e para o modo como pensamos o mundo. Eis algumas reflexões possíveis:

 

Separação entre palavra e coisa (Platão)

 

Platão postulou o mundo das ideias como perfeito e eterno, em oposição ao mundo sensível, imperfeito.

Isso criou uma divisão entre o nome e a coisa: a linguagem passou a ser vista como inferior, uma sombra do verdadeiro conhecimento.

 

Busca da definição exata (Socrática)

 

Sócrates insistia em definir termos com precisão absoluta: o que é a justiça? o que é a coragem?

 Isso gerou uma tendência normativa, racionalizante, de querer prender os significados com rigidez, mesmo em assuntos que são naturalmente ambíguos ou fluídos.

 

 Classificação lógica (Aristóteles)

 

Aristóteles organizou o mundo em categorias, silogismos, definições fixas.

 A linguagem passou a ser usada como ferramenta de classificação, em vez de expressão viva da experiência. Isso é útil na ciência, mas pode empobrecer a poesia, a arte, e até o afeto.

 

 Então, "casou o maior mal à nossa linguagem"

Depende do ponto de vista.

 

Sim, e não/ se pensamos como Nietzsche, Heidegger ou alguns poetas e pensadores modernos que dizem que a linguagem foi "engessada" por esse ideal racional, lógico, universal. Para eles, a linguagem perdeu sua ligação com o corpo, com a emoção, com o instante vivido.

 

Não, se valorizamos a clareza, a lógica e a estrutura da linguagem como meios de conhecimento, ética, ciência e política. Essa tradição nos deu ferramentas preciosas.

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Conclusão (resumo da ideia introspecção):

 

filosofia iluminou a razão, mas talvez tenha ofuscado a poesia do sentir. Ao tentar compreender tudo, corremos o risco de matar o movimento da coisa. Palavras são as mesmas, mas os sentidos são mundos. Conceituar pode ajudar, mas também pode reduzir. E quando reduzimos o sentir, perdemos a vibração que o tornava vivo. Isso não é um ataque à razão / é um chamado à humildade diante do que escapa à razão. Nos ensinaram a dividir: certo e errado, bom e mau, amor e ódio, corpo e mente. Mas o sentir nos mostra o contrário: essas oposições desabam quando vividas de perto. O que serve para mim pode não servir para você. O que parece erro hoje, pode ser sabedoria amanhã. A linguagem precisa, talvez, deixar de buscar respostas fixas e começar a habitar as perguntas. Ser mais ponte do que muro. Ser mais dança do que régua....Consciência e responsabilidade.

 

A tradição socrática, platônica e aristotélica moldou profundamente a maneira como usamos a linguagem no Ocidente. Ao buscar verdades fixas, universais e racionais, essa filosofia trouxe avanços valiosos para o pensamento lógico, a ciência e a organização do saber. Por exemplo, graças a Aristóteles, hoje temos categorias para entender a biologia, a lógica formal e a estrutura dos argumentos.

 

No entanto, esse mesmo modelo também impôs limites. Ao priorizar definições exatas e a razão pura, a linguagem foi afastada de sua natureza original / viva, sensorial e ambígua. Quando alguém tenta explicar o amor com um conceito técnico, ou traduz a dor em termos clínicos, algo se perde. A experiência real / com sua cor, seu som, seu peso / escapa pelas frestas das palavras fixas.

 

Em vez de deixar a linguagem fluir como um rio, esse pensamento muitas vezes a prendeu em moldes, como se toda realidade pudesse ser reduzida a uma fórmula. Mas nem tudo pode ser classificado: uma metáfora, um poema, um silêncio compartilhado dizem mais do que mil definições. Assim, ao mesmo tempo em que nos deu estrutura, essa tradição também nos afastou do mistério, da sensibilidade e da beleza que habitam o não dito.

 

Trecho complementar (pós-conclusão ou como provocação final):

 

Poderíamos perguntar: quem causou o maior mal ao mundo? Teria sido a ciência, com seus experimentos frios e bombas nucleares? A filosofia, com seus labirintos que esquecem o humano? As guerras? A religião com seus dogmas? Ou os bancos, que transformaram tudo em número e dívida?

 

Mas talvez a pergunta em si já esteja contaminada. Porque a estrutura da nossa linguagem / moldada pela tradição socrático-platônico-aristotélica / nos força a pensar assim: sempre há um sujeito, um verbo, e um predicado. Alguém fez algo a alguém. Sempre tem um culpado. Sempre tem um alvo.

 

Essa forma de organizar o pensamento nos ensina a buscar causas diretas, agentes identificáveis, classificações rígidas. Quando dizemos algo, quase sempre estamos também acusando, excluindo, separando. E assim, sem perceber, a linguagem se torna tribunal.

 

Será que a pergunta mais profunda não seria: quem moldou a própria forma de perguntar?

Será que precisamos de uma linguagem que não se baseie apenas em sujeito-verbo-objeto, mas em relações, afetos, nuances, redes e silêncios?

 

Talvez não se trate de apontar um vilão, mas de perceber que a nossa própria maneira de pensar / e falar / pode estar viciada. E que, antes de reformar o mundo, seria preciso ouvir novamente a linguagem com ouvidos mais livres.

 

"A leitura é guiada pelo olhar subjetivo de quem lê, sendo interpretada de formas diversas conforme suas crenças, limitações e experiências. Por isso, um mesmo texto pode conter múltiplos significados."

 

 ensaio filosófico contemporâneo argumentativo , que dialoga com filosofia da linguagem, crítica cultural e até estética.  corpo reflexivo, alma poética e raiz filosófica.

 

Isso que foi escrito  não é doutrina, nem verdade encerrada

É apenas ponto de vista entre tantos talvez atemporal, ou ilusório 

Perfil da página aborda todos os assuntos ( sem pautas de defesas) dessa forma a escrita nem prende, nem liberta, cada ser humano é livre no seu pensar, e na sua escolha... Aqui é mais ESPELHO do que BANDEIRA....aqui não se defende, nem se ataca, então se você chegou até aqui.respire fundo, com coração aberto.....então desarme-se e sinta ..... essa é a proposta do texto antes de conceituar sinta.....

 

É isso

 

 

 

 

 

 

 

Elixandra(costura pensamento filosófico)
Enviado por Elixandra(costura pensamento filosófico) em 16/06/2025
Alterado em 16/06/2025
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