Elixandra cardoso, costura pensamento

"Tecendo silêncios e sentidos entre fios e pensamentos"

Textos


A Mentira Azul: Um Ensaio sobre o Meio Ambiente e a Desconexão Humana

 

"Vi uma biosfera iridescente repleta de vida…... não vi a economia."

Ron Garan, astronauta.....

 

Do espaço, a Terra não tem fronteiras. Não há placas com nomes de países nem muros. O planeta aparece como um organismo inteiro, pulsante, suspenso no vazio / um ponto azul frágil, girando em silêncio. Ron Garan, astronauta que passou 178 dias no espaço, teve essa visão. E ela revelou uma mentira.

 

A mentira não está na ciência, nem na arte, nem nas estrelas. Está aqui embaixo, no modo como vivemos. Acreditamos que a economia vem primeiro. Que o crescimento é prioridade. Que o planeta pode ser um recurso, uma coisa. Mas da órbita, Garan percebeu o contrário: a Terra é um ser. A economia é que deveria ser apenas uma ferramenta, não a base de tudo.

 

Vivemos uma era de desconexão. Desconexão do solo, da água, das árvores, dos ciclos. Desconexão dos alimentos que comemos e das mãos que os cultivam. Da luz que consumimos e da energia que a gerou. Desconexão dos outros seres vivos, como se fossem supérfluos. E, principalmente, desconexão de nós mesmos / porque quando esquecemos que somos parte do planeta, esquecemos o que significa estar vivo.

 

Ron Garan chama isso de uma mentira sistêmica: tratamos o mundo natural como subsidiária da economia global. A floresta vira “ativo”. O rio, “recurso hídrico”. O ar, “emissão”. Tornamos tudo mensurável, quantificável, explorável. Mas há algo que não entra em planilhas: a beleza silenciosa de uma aurora, o frescor do vento antes da chuva, o ciclo que começa numa semente e termina no pão sobre a mesa.

 

 "Estamos vivendo como se tivéssemos outro planeta para ir."

 Garan repete essa frase como um alerta.

 

A pergunta que sobra é: como voltamos a nos conectar?

 

Não basta reciclar. Não basta plantar árvores e compensar carbono. Isso é necessário, mas ainda opera na lógica da reparação. A reconexão exige uma mudança de percepção. Uma espécie de “overview effect” interior. Como se fôssemos capazes de ver, daqui de baixo, o que os astronautas veem lá de cima: a Terra como um único corpo, onde tudo que respiramos, comemos, tocamos e perdemos / está ligado em uma dança invisível.

 

A nova ética ambiental não é só política ou científica. Ela é espiritual no sentido mais profundo: a percepção de que estamos em casa, e não num supermercado universal de recursos. A Terra não é algo que usamos. É algo que somos.

 

E talvez esse seja o maior desafio / e a maior beleza. Viver com os pés no chão e os olhos voltados ao céu, carregando a lembrança de que somos uma parte do planeta, e não seus donos. Ou como diz Garan:

 

 "O que precisamos não é de mais tecnologia. É de mais cooperação. Mais humanidade. E mais verdade."

 

🌍🌞 Poema: “Antes do Tempo”🌏🌞

 

Talvez a Terra morra antes do tempo.

Não por velhice,

mas por excesso de pressa,

por sermos filhos ingratos de um ventre fértil demais.

 

O planeta não grita 

ele racha em silêncio.

Derrama rios como lágrimas,

incendeia pulmões verdes,

troca florestas por fumaça

e mares por plásticos eternos.

 

E o Sol…

ah, o Sol assiste.

Ele que já viu mundos nascerem e caírem.

Testemunha sem lágrimas,

sem opinião,

sem salvação.

 

E nós, passageiros desta pedra azul,

seguimos como se tudo fosse provisório:

a água,

o chão,

o ar,

o amor.

 

Mas a Terra não é nossa casa de aluguel.

Ela é nosso corpo expandido,

nosso reflexo,

nosso espelho.

 

Se ela morrer cedo demais,

não é o mundo que acaba.

Somos nós que ficamos sem tempo

de aprender a viver....

 

ensaio-poético-filosófico-astronômico,a relação entre humanidade e planeta, vida e morte, tempo e responsabilidade...

 

É isso

 

Elixandra(costura pensamento filosófico)
Enviado por Elixandra(costura pensamento filosófico) em 24/06/2025
Alterado em 24/06/2025
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